Copa do Brasil

Duelo com ar retrô vale vaga na final

Cruzeiro e Palmeiras se enfrentam nesta quarta (12), às 21h45, no primeiro jogo da semifinal

Por Josias Pereira
Publicado em 12 de setembro de 2018 | 08:00
 
 
 
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Um ar retrô envolve o clássico palestrino dessa noite, às 21h45, no Allianz Parque, em São Paulo. Rivais contumazes nos anos 1990 e 2000, Palmeiras e Cruzeiro adicionam a partir desta quarta-feira (12) mais um capítulo peculiar na história que os dois construíram na Copa do Brasil. Uma disputa de 180 minutos que vale vaga na final do torneio nacional.

Ambos lutam para manter uma escrita que se perpetua quando os dois se encontram em qualquer fase da competição: quem vence a peleja acaba com o título.

Uma história que começa em 1996, quando a Raposa surpreendeu o Palmeiras, da Parmalat, dentro do Palestra Itália. “Aquele jogo foi marcante demais para minha vida. Fazer o gol do título daquela forma, quando ninguém esperava, contra um Palmeiras praticamente imbatível, marcou a história”, recorda Marcelo Ramos, o responsável por arrancar o grito do torcedor celeste naquela disputa, sacramentando a vitória por 2 a 1. “São dois verdadeiros monstros do futebol brasileiros. Aquela década de 1990 foi muito bacana, porque chegou uma época em que nos enfrentávamos toda hora”, completa Marcelo Ramos, maior artilheiro do duelo, com dez gols.

Dois anos depois, em 1998, foi a vez de o Palmeiras dar o troco. Na decisão daquele ano, o time paulista venceu o Cruzeiro por 2 a 0, no Morumbi. A Raposa havia vencido a ida por 1 a 0. “Eram jogos de ida e volta, e o bicho pegava. Não tem como não lembrar daquela final de 1998. Você abrir o marcador em um jogo em que o Cruzeiro tinha a vantagem, e o Palmeiras tinha que ir para cima, é algo que fica marcado”, relata o eterno Paulo Nunes, o maior goleador palmeirense do confronto, que estufou as redes celestes nove vezes.

Aquele título de 1998 foi o primeiro de Felipão no comando do Palmeiras e simbolizou uma dinastia. Nesta quarta, o veterano treinador retorna à velha rivalidade daquele período enfrentando Mano Menezes, que surgiu para o futebol justamente nos anos 90. Em 97, ele foi estagiário de Paulo Autuori no Cruzeiro.

Palmeiras e Cruzeiro ainda se encontraram em dois duelos recentes de Copa do Brasil. Em 2015, o Palmeiras eliminou o Cruzeiro nas oitavas de final da competição e conquistou o título. Já no ano passado, a Raposa superou os paulistas nas quartas de final e foi pentacampeão da Copa do Brasil.

 

Roberto Gaúcho: “a camisa do Cruzeiro é pesada”

Na final da Copa do Brasil de 1996, quem iniciou a recuperação celeste após o Palmeiras sair à frente no marcador com Luizão, foi o ex-atacante Roberto Gaúcho. Ele fez o gol de empate e deu o passe para o tento decisivo de Marcelo Ramos. Acabou a partida eleito o melhor em campo.

“O grande segredo daquele título foi a união do nosso grupo, a força, e a alegria de jogar futebol. Nós tínhamos um time muito competitivo, um ótimo treinador (Levir Culpi) e um excelente goleiro, um dos melhores do mundo na posição, que era o Dida. O Palmeiras achou que, com um empate aqui no Mineirão, eles ganhariam o título. Nós fomos para São Paulo, ninguém acreditava no nosso time, o Palmeiras tinha oito jogadores na seleção, o Parque Antártica lotado, e eu, o Dida e o Marcelo Ramos fomos os melhores em campo”, conta Gaúcho, hoje técnico do Valeriodoce na segunda divisão do Campeonato Mineiro.

Um título que, segundo o ex-jogador, foi o que fez o Cruzeiro deslanchar na década de 1990. “Tive o prazer de ser escolhido o melhor jogador da partida. Fiz o gol do empate e cruzei para o gol do Marcelo. A gente estava iluminado. A camisa do Cruzeiro é pesada. Eles (palmeirenses) nos respeitaram muito. Para mim, na minha modesta opinião, aquele foi um dos maiores títulos da história do Cruzeiro. Foi lá que o Cruzeiro deslanchou e conquistou a Libertadores”, concluiu o ex-atacante.

 

Ex-jogadores esperam duelo decidido nos detalhes

Nomes que embalaram o duelo histórico entre Cruzeiro e Palmeiras nos anos 1990 e 2000, os ex-jogadores também deram suas opiniões sobre o confronto desta quarta-feira, no Allianz Parque. Uma partida que colocará em campo dois dos elencos mais qualificados do Brasil e que novamente podem se encontrar em uma semifinal de Libertadores.

“O Palmeiras tem uma equipe qualificada, possui um treinador (Felipão) que adora a Copa do Brasil, torneio mata-mata. E do outro lado tem o Cruzeiro, com um grande time. Não tenho dúvida de que o jogo vai ser difícil e que me faz recordar aquela época”, diz o ex-atacante Oséas, o “Oseinha da Bahia”, que jogou por Cruzeiro e Palmeiras. Foi dele o gol da vitória do Verdão por 2 a 0 na final da Copa do Brasil de 1998.

“São equipes que sempre estão chegando. É bacana vermos esse duelo, porque recria uma rivalidade gostosa. É muita tradição envolvida. São dois clubes com jogadores de muita qualidade. É decisão, não pode dar moleza. Isso é Cruzeiro. Isso é Palmeiras. Não tem favorito. Vai ser um jogo de muita atenção”, conclui o ex-atacante Marcelo Ramos.

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