Mudança

Ex-presidente do Cruzeiro, Gilvan de Pinho pede a saída de Wagner Pires

O ex-dirigente, que conquistou dois Brasileiros e uma Copa do Brasil, acompanhou em casa ao lado da família a queda da Raposa

Por Gláucio Castro
Publicado em 11 de dezembro de 2019 | 15:04
 
 
 
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Na tarde daquele domingo, 11 de novembro de 2014, o advogado Gilvan de Pinho Tavares vivia um dos momentos mais memoráveis como torcedor do Cruzeiro. Presidente do clube estrelado na ocasião, ele viu a Raposa conquistar o bicampeonato brasileiro em pleno Mineirão lotado e teve seu nome gritado pelos torcedores. No último domingo, em casa e acompanhado apenas da família, o ex-dirigente assistiu pela TV ao capítulo mais trágico de sua paixão pelo time celeste. “Acharam que eu ia passar mal”, conta Gilvan. 


Para o ex-mandatário, a saída do presidente Wagner Pires é fundamental para o Cruzeiro se reerguer após o rebaixamento. Prestes a completar 79 anos, Gilvan diz que seu telefone não parou de tocar um minuto sequer após a queda, mas descarta qualquer possibilidade de volta ao clube quase centenário, que vive os piores dias de sua história. “Dediquei mais de 60 anos da minha vida ao Cruzeiro, agora não quero mais isso. Mas algo precisa ser feito com urgência. O Wagner já mostrou que não tem a mínima condição de ser presidente”, disse entrevista ao SUPER.FC.

 
Outra situação defendida por Gilvan aconteceu na tarde de ontem exatamente quando a reportagem conversava com o ex-dirigente: o pedido de licença de Zezé Perrella da presidência do conselho deliberativo do clube. “O Zezé Perrella quer usar o Cruzeiro politicamente como fez da outra vez. Ele é muito político. Ele sempre foi muito preguiçoso para trabalhar e não pode querer ser presidente do conselho e gestor do futebol. Ele quer tudo para ele”, desabafou Gilvan de Pinho Tavares.
Em várias entrevistas coletivas, Zezé Perrella, atual gestor de futebol da Raposa, tem afirmado que a dívida atual do Cruzeiro é de cerca de R$ 700 milhões e que boa parte do valor foi contraído na gestão passada. Gilvan, que comandou o Cruzeiro de 2012 a 2017, defendeu-se. “Foi o maior absurdo que ouvi na minha vida. O Perrella não conhece nada do Cruzeiro. O balanço da minha gestão foi aprovado pelo conselho. No final de 2017, o Cruzeiro teve um superávit de R$ 30,5 milhões. Eles queriam criar uma imagem ruim da minha gestão e convocaram duas auditorias. Não encontraram nada. Aí arrumaram um déficit não sei de onde de R$ 16 milhões. Deixei o Cruzeiro com uma dívida de R$ 300 milhões”, diz ele.

Crise nos bastidores não atrapalhou

Mesmo com a diretoria do Cruzeiro investigada pela Polícia Civil por falsificação de documentos, falsidade ideológica, lavagem de dinheiro e transferência irregular de jogador, o ex-presidente Gilvan de Pinho Tavares não acredita que esse foi o principal motivo para a primeira queda do Cruzeiro para a Série B. A venda de jogadores importantes e o elenco envelhecido, além da “arrogância” da atual diretoria, são apontados como os pontos-chave da queda celeste.


“Não podemos culpar o treinador que chegou de última hora (Adilson Batista). Ele tinha que tentar algo. Não tem como negar que a arrogância da atual diretoria, que achou que ia ganhar tudo, inclusive o Mundial, foi decisiva para a queda. Deixamos um elenco montado. Eles priorizaram a Libertadores, esqueceram do Brasileiro. Cansei de falar que era burrice”, diz Gilvan.

“Não acho que a crise política contribuiu dentro de campo. Eles venderam jogadores fundamentais, como o Lucas Romero, o Raniel, até o Rafinha, que era muito útil, e trouxeram peças de reposição que não deram certo. O elenco é velho, e os jogadores não aguentaram jogar até o fim do ano”, completou Gilvan.

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