Lacava: pai de alvo do Cruzeiro é governador e homem de confiança de Maduro

O meia venezuelano Matías Lacava, de apenas 18 anos, é um dos nomes do momento no Cruzeiro, e também desperta, de acordo com informações de fontes ligadas ao atleta, o interesse do Atlético e também do Flamengo, além de outros clubes do futebol sul-americano, que obsservam o desenvolvimento do atleta, apontado como uma das grandes promessas do futebol local. 

A joia venezuelana

Jogador canhoto, de fácil drilble e grande mobilidade em campo, Matías Lacava passou a ser aproveitado no Academia Puerto Cabello ainda aos 16 anos de idade. Ele acumulou passagens nas academias de futebol da base de Barcelona e Lazio. Quando esteve no Barcelona, inclusive, toda sua família se mudou para a Espanha e foi até tratado como o 'Messi Venezuelano'. No ano seguinte, em 2017, jogou no Sub-17 do Benfica, de Portugal. 

No mês de abril deste ano, o World Football Index fez uma lista de 10 promessas do futebol venezuelano para se observar em 2021 e Lacava estava entre os nomes.

A publicação o descreveu da seguinte forma: 
"poucos se encantaram nos gramados da Liga FUTVE em 2020 como este ex-prospecto das academias de Barcelona, ​​Lazio e Benfica. Lacava conseguiu marcar 7 gols em 15 jogos no ano passado e levou o Academia Puerto Cabello a uma campanha histórica, apesar de ter iniciado a temporada com apenas 17 anos. Seja na ala ou como 10, Lacava é um jovem que até os defensores veteranos deveriam temer", aponta. 

O pai governador 

Além do futebol destacado, o que chama atenção na história de Matías Lacava é justamente sua família, mais precisamente seu pai, Rafael Lacava, governador do estado de Carabobo, pelo 'Partido Socialista Unido de Venezuela', o PSUV. Economista, Rafael tem ligações no futebol venezuelano, uma vez que foi presidente do Carabobo entre janeiro de 2013 até fevereiro de 2014. Ele, inclusive, tentou a presidência da Federação Venezuelana quando Rafael Esquivel, então mandatário da entidade, foi preso no esquema de corrupção da Fifa investigado pelo FBI. 

Rafael Lacava sempre esteve envolvido na vida pública, crescendo no país como parlamentar e também exercendo o cargo de embaixador da Venezuela na Itália. Ele também foi prefeito de Puerto Cabello, de 2008 a 2016, exatamente o município do time que o filho, Matías, joga, o Academia Puerto Cabello.

Parceiro de Maduro, excentricidades e polêmicas 

Rafael Lacava é considerado um dos homens de confiança de Nicolás Maduro, atual presidente da Venezuela. As aparições públicas dos dois acontecem com frequência, como em um vídeo no ano passado em que Maduro fala sobre o desempenho de Lacava no combate à pandemia vestido com um agasalho do Barcelona.

Dudo que España te deje entrar pero bueno 10 millones si te cogen los EEUU a España no vegas NICOLAS MADURO : "SOY EL NUEVO FICHAJE DEL BARCELONA FC " ⚰️⚰️⚰️ pic.twitter.com/jyO0i62OjD

— @esata123_ \ EL MISMO SI ME BUSCAS TE ENCUENTRO / (@esata123_) May 1, 2020

Rafael Lacava também era muito ligado ao ex-presidente venezuelano Hugo Chávez, que faleceu em 2013. Ele é casado com Nancy González, outra bolivarianista, e tem outros três filhos – Adriana, Isabella e Alessandro. Um perfil do jornal 'El País' descreve também a personalidade excêntrica do político, que é conhecido pelo apelido de Drácula. 

"Suas aparições públicas são uma festa para a imprensa. Incluem desde uma tentativa frustrada de entrar montado em um burro na sede da opositora emissora Globovisión à apresentação da carruagem do Drácula – um veículo que emula a estética do veículo do vampiro de Bram Stoker para varrer das ruas de Carabobo de bachaqueros, especuladores que revendem produtos de primeira necessidade, aproveitando a escassez que assola o país", destaca a publicação. 

Em 2018, Rafael Lacava teve seu nome ligado a uma denúncia de ocultação de recursos na Suíça e em Andorra. Ele controlava em maio de 2009 uma conta na Banca Privada d’Andorra (BPA), segundo documentos dessa instituição financeira. Nas transações, Rafael tentou movimentar honorários que recebeu de uma empresa por supostos “serviços de intermediação” referentes à construção de uma refinaria de petróleo. À época, ele era prefeito de Puerto Cabello.