A situação no Cruzeiro segue tumultuada. O novo episódio da crise envolve Fernanda São José, a mulher de Wagner Pires de Sá, presidente do Cruzeiro. Um BO foi resgistrado por uma funcionária do clube, Hellen Caroline Carvalhais Rocha, acusando a esposa do mandatário celeste de ter levado documentos do conselho deliberativo sem permissão e de ainda tê-la demitido do Cruzeiro. A funcionária, no entanto, sequer foi desligada no processo, uma vez que Fernanda não possui poderes para desligar funcionários do clube. 

A reportagem do Super FC tentou entrar em contato com os envolvidos no caso, mas não obteve resposta. Entretanto, uma fonte ligada ao conselho destacou que Fernanda São José teria ido à sede para tirar satisfações sobre a comissão de sindicância que está sendo conduzida no clube para apurar as denúncias contra a gestão de Wagner Pires. "Ela age como a dona do clube. Isso é notório para todos", disse a fonte, que não quis ter seu nome revelado. Essa mesma pessoa disse ao Super FC que nenhuma medida seria tomada, mas Hellen, a funcionária demitida pela mulher de Wagner Pires, sentiu-se intimidada e resolveu registrar o BO. 

A orientação passada a Hellen é de que a funcionária passase o feriado ao lado dos familiares e volte a trabalhar normalmente nos próximos dias. A instabilidade dentro do Cruzeiro é palpável, com a mesma fonte destacando que os ânimos estão muito acirrados, gerando intimidações como as que foram direcionadas a Hellen.

Outro lado

O Super FC tentou ouvir o presidente Wagner Pires e também Fernanda São José sobre as acusações, mas nenhum contato foi estabelecido. O Cruzeiro, por meio de sua assessoria de imprensa, apenas destacou que não vai se pronunciar sobre o caso. 

O caso

Fernanda São José, que também é advogada e presidente do Instituto Cinco Estrelas, chegou à sede administrativa do clube na manhã de terça-feira procurando por Rogério Souza, assessor direto de Zezé Perrella. No entanto, ela não o encontrou. Em conversa com Hellen, relatada no BO, Fernanda mostrou-se agressiva, afirmando que a secretária deveria, sim, saber onde Rogério estava. 

Antes disso, Hellen, a funcionária do clube, havia constatado ao chegar à sede administrativa do Cruzeiro, que seu login e senha no computador tinham sido desabilitados. O diálogo com Fernanda Sõa José prosseguiu, com a mulher do presidente, ainda segundo o BO, a perguntando se não desejava alguns dias de folga. Hellen negou o pedido e foi demitida por Fernanda. 

A mulher do presidente do Cruzeiro chamou à sala Cleonice Maria da Piedade, funcionária do RH do clube, além de um segurança, Guilherme Barros da Silva. A desavença prosseguiu, com Hellen Caroline Carvalhais Rocha destacando em seu depoimento que Fernanda São José pegou vários documentos que estavam em suas mãos e também em sua gaveta, papéis que seriam exclusivos do conselho deliberativo.

A discussão foi acompanhada Alexandre da Rocha Comoretto, o Gaúcho, um dos diretores da sede campestre do Cruzeiro. Hellen ainda foi intimidada por Fernanda São José, que a todo momento questionava se a funcionária estava gravando o "barraco". A primeira-dama do Cruzeiro ameaçou tirar o celular das mãos de Hellen, que afirma possuir gravações que autentificam a veracidade da acusação. A funcionária exigiu um documento que autenticasse sua demissão, mas Fernanda apenas afirmou que a ordem partiu da presidência do clube. Ela ainda reteve o crachá de Hellen. 

A situação é mais uma na série de episódios turbulentos que vêm sacudindo a atual administração do clube desde a divulgação de uma denúncia do programa Fantástico, da Rede Globo, no dia 26 de maio, sobre transações irregulares do Cruzeiro, além de um inquérito da Polícia Civil que apura crimes de lavagem de dinheiro, falsificação de documentos e falsidade ideológica. Durante o "barraco" na sede administrativa, Wagner Pires, presidente do Cruzeiro, era ouvido na Polícia Federal como suspeito na Operação Escobar, que investiga vazamento de documentos sigilosos da própria PF, entre outros crimes.