Inquérito concluído

Polícia Civil indicia ex-dirigentes do Cruzeiro e encaminha para o MP

Integrantes de antiga diretoria são investigados por falsificação de documentos/falsidade ideológica, apropriação indébita, organização criminosa e lavagem de dinheiro

Por Josias Pereira
Publicado em 10 de agosto de 2020 | 17:45
 
 
 
normal

A Polícia Civil concluiu o inquérito da 'Operação Primeiro Tempo' apura as denúncias contra os ex-diretores da antiga gestão do Cruzeiro. O resultado da investigação será encaminhado agora para o Ministério Público, que agora definirá pela oferta de denúncia contra os ex-cartolas Wagner Pires de Sá, Sérgio Nonato e Itair Machado. O trio foi indiciado pela Polícia Civil, bem como quatro empresários - três deles atuavam no futebol e um no ramo de Equipamento de Proteção Individual (EPI) - por apropriação indébita, falsidade ideológica, associação criminosa e lavagem de dinheiro.

Os nomes dos empresários não foram divulgados pela Polícia Civil, mas a reportagem apurou que são Carlinhos Sabiá (que possui envolvimento em comissão relativa à venda do lateral-direito Mayke sem possuir ligação com o atleta), João Ramalho, conhecido como 'João da Umbro', Wagner Cruz (os dois que são citados pelo Cruzeiro na renovação do goleiro Fábio, sendo que Wagner Cruz não possuía relação com o camisa 1 celeste) e Cristiano Richard (esse último que firmou um contrato de empréstimo de R$ 2 milhões com o clube, sendo que a garantia de pagamento foi a cessão de parte de direitos econômicos de atletas do clube, dentre eles o menor de idade Estevão William, apelidado de 'Messinho'). 

A reportagem buscou contato com os indiciados. Wagner Pires e Sérgio Nonato não atenderam as ligações. Itair Machado não retornou os contatos por mensagem de texto, mesmo após visualizar o conteúdo. João da Umbro e Wagner Cruz também não responderam aos contatos telefônicos. Carlinhos Sabiá, por sua vez, manifestou-se e disse que vai procurar primeiro a orientação de seu advogado antes de qualquer pronunciamento à imprensa. A reportagem não conseguiu falar com Cristiano Richard. 

A informação foi inicialmente divulgada pelo jornalista Ezequiel Fagundes, da Rede Record, e confirmada por Léo Portela, superintendente celeste ao Super.FC e também em suas redes sociais.

"Vale a pena lutar por justiça! A Polícia Civil, concluiu as investigações e encaminhou relatório ao MP indiciando Itair Machado, Wágner Pires, Sérgio Nonato e outros, por diversos crimes. É #umnovoCruzeiro e iremos até o fim para que essa quadrilha pague pelo que fizeram", pronunciou-se Léo Portela. 

A reportagem entrou em contato com o delegado Domiciano Monteiro, chefe da Divisão Especializada em Investigação de Fraudes da Polícia Civil, para saber o resultado das apurações. Todavia, ele apenas destacou que a imprensa saberia em hora oportuna dos resultados. 

Entretanto, no início da noite desta segunda-feira, a Polícia Civil emitiu uma nota oficial confirmando o término da apuração. 

"A Polícia Civil de Minas Gerais (PCMG) confirma a conclusão do Inquérito que investigou irregularidades cometidas por administradores do Cruzeiro Esporte Clube. O procedimento foi encaminhado ao Ministério Público de Minas Gerais (MPMG).

Três ex-dirigentes do clube e quatro empresários - três atuavam no futebol e um no ramo de Equipamento de Proteção Individual (EPI) - foram indiciados por apropriação indébita, falsidade ideológica, associação criminosa e lavagem de dinheiro", informou a Polícia Civil. 

Os ex-dirigentes do clube do Barro Preto são investigados por falsificação de documentos/falsidade ideológica, apropriação indébita, organização criminosa e lavagem de dinheiro.

Depois de várias irregularidades constatas em sua administração, Wagner Pires entregou o cargo no fim do ano passado, sendo substituído por José Dalai Rocha, então presidente do conselho administrativo da Raposa.

O Cruzeiro contratou os serviços de consultoria da empresa Kroll, que constatou uma série de irregularidades, que vão desde o uso de cartões corporativos em casas noturnas a pagamento de milhões para pessoas ligadas à diretoria do clube.

Superintendente de relações institucionais e governamentais do Cruzeiro, o deputado estadual Léo Portela garante que o clube não vai parar mesmo recebendo ameaças. De acordo com o dirigente, o clube está munido da torcida como guarda-costa. 

As denúncias contra o ex-dirigentes foram divulgadas no programa 'Fantástico'. No mês de julho do ano passado, foram cumpridos 16 mandados de busca e apreensão nas casas do presidente do clube, Wagner Pires de Sá; do vice-presidente de futebol, Itair Machado; do diretor geral, Sérgio Nonato; do empresário Cristiano Richard; no galpão da torcida organizada Máfia Azul, a maior do clube; nos dois centros de treinamentos da Raposa (Toca I e Toca II); e na sede administrativa do clube estrelado.

Foram apreendidos diversos documentos, computadores, celulares e outros equipamentos de interesse para a investigação. Participaram da operação aproximadamente 100 (cem) policiais civis, dentre delegados, investigadores, escrivães e peritos, além de terem sido utilizadas cerca 30 (trinta) viaturas policiais. 

QUINZE DIAS PARA OFERECER DENÚNCIA

O Ministério Público confirmou na noite desta segunda-feira que recebeu o inquérito da Polícia Civil e agora possui um prazo de 15 dias para analisar o relatório e as provas colhidas no inquérito para decidir sobre o oferecimento de denúncia ou pedido para complementar a investigação com novas diligências. 

PALAVRA DO CRUZEIRO

O Cruzeiro emitiu uma nota oficial comentando a conclusão do inquérito da Polícia Civil. A atual gestão celeste aguarda ansiosamente pela conclusão das apurações do Ministério Público para que a Justiça seja feita em relação a tudo que ocorreu com o clube na administração Wagner Pires. 

"O Cruzeiro Esporte Clube recebeu com grande felicidade, neste dia 10 de agosto de 2020, a informação de que a Polícia Civil de Minas Gerais concluiu as investigações da “Operação Primeiro Tempo” e as encaminhou ao Ministério Público do Estado, que agora ficará responsável por oferecer ou não as denúncias aos investigados citados no inquérito. 

É público e notório que o Cruzeiro foi vítima de diversas práticas no mínimo questionáveis pela sua antiga gestão, que não só foram determinantes para o péssimo e infeliz resultado esportivo dentro de campo, mas que também prejudicaram de forma profunda a saúde administrativa do Clube, que só está se reerguendo graças ao apoio dos seus milhões de torcedores e também ao trabalho incansável de profissionais capacitados e que amam a instituição.

A partir de agora, o Cruzeiro aguarda ansiosamente os demais desdobramentos do caso, confiando na capacidade e seriedade dos profissionais do Ministério Público de Minas Gerais, sempre enfatizando que a torcida é única e exclusivamente para que a justiça seja feita, caso sejam de fato comprovadas as irregularidades", escreveu a Raposa. 

(última atualização às 21h09)

Notícias exclusivas e ilimitadas

O TEMPO reforça o compromisso com o jornalismo profissional e de qualidade.

Nossa redação produz diariamente informação responsável e que você pode confiar. Fique bem informado!