Crise no Cruzeiro

Wagner continua presidente, mas está disposto a renunciar; entenda

Mandatário celeste aceita conversar com três empresários para, dependendo do resultado das negociações, entregar seu cargo

Por Gabriel Pazini
Publicado em 16 de dezembro de 2019 | 19:36
 
 
 
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Depois de muita espera e apreensão durante toda a segunda-feira (16), quem falou não foi Wagner Pires de Sá, mas sim o diretor de comunicação do Cruzeiro, Valdir Barbosa. As reuniões que, ao longo de todo o dia, discutiram o futuro do presidente, não terminaram com a renúncia do mandatário, mas com essa possibilidade em aberto. Pires de Sá segue presidente da Raposa, mas está disposto a renunciar e pode entregar o cargo dependendo do resultado de negociações com três empresários que estão interessados em assumir o comando do clube.

Em conversa com a imprensa na porta da sede administrativa da Raposa, Barbosa explicou a situação. "Conversei com o presidente, que passou o dia todo em reunião com o conselho diretor, o conselho fiscal e também com o conselho deliberativo. Ele recebeu uma proposta do presidente (do conselho deliberativo) Dalai Rocha de renúncia, porque teriam três grandes empresários dispostos a assumir o Cruzeiro", revelou o dirigente.

"O presidente me disse que está disposto a renunciar desde que os empresários sejam apresentados a ele e, a partir daí, discutir como será feita essa entrada no Cruzeiro com documentos e tudo. Ele não vai entregar o cargo e não vai renunciar caso esses empresários não venham aqui e se coloquem como os novos gestores do clube, com tudo documentado. Essa é a posição do presidente. Ele busca o melhor caminho para o clube. Se realmente houver os empresários, ele aceita a renúncia desde que todos assumam o que vai ser feito", completou.

Uma reunião entre Wagner Pires de Sá e os três empresários, porém, ainda não foi marcada e nem se sabe quando acontecerá. Com isso, ao menos por enquanto, Pires de Sá continua na presidência, apesar de aceitar renunciar. "Se existe interesse desses três empresários, que eles venham conversar para que uma discussão e, posteriormente, um acordo possam ser realizados e documentados para que eles assumam", explicou Barbosa.

O dirigente ainda afirmou não saber quais são os três empresários e disse que "nem o presidente sabe quais são". Além disso, os vice-presidentes Hermínio Lemos e Ronaldo Granata não conversaram com Barbosa. Ambos foram procurados pelo Super.FC para se posicionar sobre a situação de Pires de Sá e declarar se também pretendem renunciar ou não, mas não responderam até a publicação desta matéria. Sobre os empresários, a reportagem apurou que um deles é Pedro Lourenço, dono do Supermercados BH e patrocinador do Cruzeiro.

Pressão e investigações

As mazelas são muitas. Crise política e nos bastidores. Desastre financeiro e uma dívida que quase dobrou, saltando para R$ 700 milhões durante sua gestão. Denúncias de vários escândalos e irregularidades, investigações e depoimentos para a Polícia Federal. Afastamentos. Pressão da torcida. A queda inédita para a Série B do Campeonato Brasileiro que mancha páginas heroicas e imortais , simbolizando os vários erros do mandato. São incontáveis problemas no período de Wagner Pires de Sá como presidente do Cruzeiro e, não à toa, a pressão para sua renúncia é enorme.

Neste ano, afinal, além do noticiário esportivo com o inédito rebaixamento, o Cruzeiro também foi destaque nas páginas policiais. A Raposa foi alvo da Operação Escobar, que investiga o vazamento de documentos sigilosos da Polícia Federal. Em 18 de junho, o presidente Wagner Pires de Sá e o vice-jurídico, Fabiano de Oliveira Costa, prestaram depoimento na sede da PF.

O Cruzeiro é suspeito de ter sido usado para lavar dinheiro. Além disso, um servidor da PF teria sido eleito conselheiro pelos serviços prestados aos advogados Ildeu da Cunha Pereira, conselheiro nato da Raposa, e Carlos Alberto Arges Júnior, ambos presos em 5 de junho. O policial também foi preso nesta data. Antes disso, porém, tinha sido nomeado por Zezé Perrella, então presidente do Conselho Deliberativo, para integrar uma comissão provisória que iria apurar as irregularidades denunciadas pela TV Globo, em maio.

Além disso, o Cruzeiro também foi alvo da Operação Primeiro Tempo, em 9 de julho, quando cerca de 100 policiais civis cumpriram 16 mandados de busca e apreensão em 16 endereços ligados ao clube, entre eles, suas sedes e as casas de Wagner Pires de Sá, do ex-vice-presidente de futebol, Itair Machado, e do ex-diretor geral, Sérgio Nonato, o Serginho.

 

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