Além de vários clubes do interior que estão insatisfeitos e pedem o amparo da Federação Mineira de Futebol (FMF), os árbitros são outros agentes da modalidade que precisam de atenção. Por enquanto, não há protocolo de retomada das atividades para os donos do apito e nem apoio financeiro, mesmo há mais de três meses sem futebol. A FMF e os grandes clubes da capital estipularam 26 de julho como a data prevista para o retorno do Campeonato Mineiro. A decisão foi tomada após reunião com a Secretaria de Estado de Saúde, considerando que o pico da pandemia em Minas deve ocorrer por volta do dia 15 de julho.
Os árbitros que pertencem ao quadro nacional, pelo menos, contam com o apoio da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), como destaca Felipe Fernandes de Lima, que apitou o único clássico entre Atlético e Cruzeiro deste ano de 2020. “A CBF tem dado apoio financeiro, técnico e físico. Por enquanto, a FMF não tem repassado nenhum apoio. Com essa previsão do Mineiro, só estamos na expectativa, mas sem previsão de atividades, pois tudo está indefinido. Como sou personal trainer, já sigo uma disciplina de treinos, além dos exercícios propostos pelo preparador físico da CBF, Paulo Camelo”, destacou Felipe.
Outro árbitro que segue sua rotina de preparação individual, com o apoio da CBF, enquanto aguarda as diretrizes da FMF é Igor Junio Benevenuto. O árbitro mineiro que mais vezes atuou como VAR em 2019 contratou um profissional de educação física e tem realizado corridas perto de onde mora. “Contratei um personal (trainer) para evitar a aglomeração e não ficar sem me exercitar. No início da pandemia, fiquei sem treinar praticamente. Depois, comecei fazer algumas lives, mas estava perdendo muito condicionamento. Por isso, também tenho saído, pelo menos duas vezes por semana, para correr. Aqui perto tem uma lagoa que, por volta de 9h da noite, está praticamente vazia”, comentou Benevenuto.
Com o diploma de enfermeiro, enquanto a bola não volta a rolar, Igor tem trabalhado em uma Unidade de Pronto Atendimento (UPA), em Sete Lagoas, na linha de frente de combate à Covid-19. Por vivenciar de perto o drama dos pacientes que contraíram o novo coronavírus, o árbitro entende que não é o momento de se retornar com o futebol. “Acho precipitado ainda voltar com o futebol no final de julho. As pessoas estão comparando nossa situação com o exterior, enquanto no exterior a curva já está descendente e aqui só está aumentando. Não sou contra a abertura do comércio, por exemplo. Mas as pessoas precisam ser conscientes, evitando aglomeração e o maior número de contatos. Porém, não é isso que está acontecendo. As pessoas parecem que estão de férias e fazendo festas, e o futebol será um motivo de proliferação. Os torcedores não irão ao campo de jogo, mas vão assinar canal fechado se reunir para assistir aos jogos. Ou você acha que todo mundo vai assistir sozinho, dentro de casa?”, alertou.
Segundo Juliano Lopes, presidente da comissão de arbitragem, a FMF espera receber a autorização do Centro de Operações de Emergência em Saúde de Minas Gerais (Coes-MG) para aí, sim, repassar o protocolo de retomada para os árbitros. Ainda de acordo com Juliano, tudo ainda segue na fase de estudos, mas devem ser recrutados cerca de 30 árbitros, a princípio, todos que também pertencem ao quadro da CBF.
Capacitação da Fifa
Alguns árbitros da CBF foram selecionados para participar de um treinamento de capacitação da Fifa. Felipe Fernandes de Lima, Igor Junio Benevenuto e Ricardo Marques Ribeiro são os representantes de Minas. No curso, os árbitros tem acesso às novas regras e diretrizes da entidade.
CBF
A entidade liberou três parcelas de auxílio financeiro para os 479 integrantes de seu quadro. O valor é referente à maior parcela que cada um recebeu na temporada passada. A arbitragem também realizou uma espécie de pré-temporada, com reuniões por videoconferência e acesso aos vídeos do portal da CBF para acompanhamento físico e técnico.
Acompanhamento psicológico
Os árbitros da CBF também participam de um ‘Grupo de Pertencimento’, orientado pela psicóloga Marta Magalhães e com o objetivo de preservar a saúde mental dos donos do apito.
FMF
Para os árbitros que não são do quadro da CBF, a Federação Mineira de Futebol colaborou com as orientações para a adesão ao auxílio emergencial, principalmente para aqueles que também sofreram impactos nas outras ocupações. A FMF também realizou doação de cestas básicas, para os integrantes que solicitaram.