Depois de instituir a final única na Copa Libertadores a partir de 2019, a Conmebol ensaia uma nova mudança na competição: convidar as equipes da Major League Soccer (MLS), o principal torneio de futebol dos Estados Unidos e do Canadá, e chamar novamente os times mexicanos para o campeonato. As conversas sobre o assunto esquentaram nesta semana após notícia publicada pela ESPN. A mudança passaria a valer para 2020. Será uma boa? Vai dar certo? O principal ponto polêmico se dá por causa das longas distâncias. Imagina Grêmio e Internacional ou mesmo os times uruguaios, localizados no extremo sul da América, enfrentando uma equipe de Vancouver, no Canadá? De Montevidéu até lá são mais de 11 mil quilômetros ou mais de 20 horas de deslocamento. Imagine a logística para uma viagem dessas? Isso além do fato de os times brasileiros viverem em um calendário apertado. Não é ilusão imaginar Cruzeiro ou Atlético jogando no fim de semana em Divinópolis ou Varginha pelo Mineiro, por exemplo, e, na quarta-feira, em Nova York.
Formato
A discussão para a entrada de equipes da América do Norte na Copa Libertadores ainda está no começo. Não se sabe, por exemplo, se o número de times na competição aumentaria ou se o número de vagas para países da América do Sul diminuiria. A edição deste ano da competição contou com 47 equipes de dez países, considerando os que participaram das três fases prévias. Na fase de grupos, se dividiram em oito grupos de quatro agremiações cada.
Mexicanos
As equipes do México disputaram a Libertadores entre 1998 e 2016. Cruz Azul (2001), Chivas Guadalajara (2010) e Tigres (2015) chegaram à decisão, inclusive, mas ficaram sem a taça. Mas, se tivessem sido campeões, não teriam o direito de disputar o Mundial de Clubes da Fifa, segundo estabelece o regulamento da Conmebol. Só os times sul-americanos têm essa prerrogativa. O mexicanos deixaram de participar da competição por causa da extensão do torneio até dezembro.
Mercado
A ideia de colocar os times americanos na competição tem relação com a questão mercadológica da Conmebol de expandir as fronteiras e faturar mais. Os jogos da MLS estão sempre cheios, o que não seria diferente na Copa Libertadores. A competição é considerada altamente atraente para novos patrocinadores. Essa conversa para contar com times da liga norte-americana, aliás, não é nova, embora nunca tenha saído do papel de fato.
Estrelas
A MLS conta atualmente com grandes nomes do futebol mundial, em fase final de carreira, diga-se de passagem. Zlatan Ibrahimović, do Los Angeles Galaxy, e Wayne Rooney, do DC United, poderão muito bem desfilar sua categoria nos campos bolivianos, por exemplo. É justamente com a presença de craques internacionais que a Conmebol espera ter uma maior valorização da competição, atraindo ainda mais investidores para o torneio.
Força
O Campeonato Mexicano (Liga MX) e a Major League Soccer já discutem há um tempo a possibilidade de se unirem no futuro. Estados Unidos, México e Canadá serão sedes da Copa do Mundo de 2026, e a unificação das competições é tratada como um legado desta união. No ano passado, os dirigentes organizaram a Copa dos Campeões com Tigres, do México, e Toronto FC, do Canadá, os vencedores das ligas locais.
Champions
Em 2015, chegou a se cogitar a criação da “Champions League” das Américas, competição que seria organizada pela Conmebol e pela Concacaf com equipes das Américas do Sul, Norte e Central. A competição teria 64 equipes, com o campeão faturando US$ 5 milhões, mas tudo ainda está no campo das possibilidades. Dificuldades de se achar datas no calendário são barreiras para a competição. A Libertadores continuaria sendo disputada.