Fundador e CEO do Telegram, Pavel Durov anunciou que destinará sua fortuna para seus mais de 100 filhos. A decisão foi revelada em entrevista à revista francesa "Le Point" publicada nesta sexta-feira (20). O bilionário explicou que o patrimônio só será liberado após pelo menos 30 anos.
O empresário russo possui fortuna estimada pela Forbes em US$ 17,1 bilhões (aproximadamente R$ 93 bilhões). Ele afirmou que tanto os seis filhos concebidos naturalmente quanto os dezenas gerados por doação de esperma terão direitos iguais na partilha da herança.
Durov elaborou seu testamento recentemente devido aos riscos associados à sua posição no comando do aplicativo de mensagens. "Defender liberdades traz muitos inimigos, inclusive dentro de Estados poderosos", declarou na entrevista.
O executivo explicou sua filosofia sobre a criação dos filhos. "Quero que vivam como pessoas normais, que se construam sozinhos, que aprendam a confiar em si mesmos, que sejam capazes de criar, que não dependem de uma conta bancária", disse à publicação francesa.
"Não faço distinção entre meus filhos: há aqueles que foram concebidos naturalmente e aqueles que vêm das minhas doações de esperma. São todos meus filhos e todos terão os mesmos direitos. Não quero que eles se separem depois da minha morte", afirmou.
Quem é Pavel Durov
O bilionário ganhou notoriedade inicialmente por fundar a rede social VKontakte, conhecida como o "Facebook russo". Após desentendimentos com o governo de Vladimir Putin, deixou a Rússia e passou a administrar o Telegram independentemente.
O Telegram conta com mais de 900 milhões de usuários em todo o mundo, segundo estimativas do próprio Durov. A plataforma se destacou por oferecer recursos como criptografia, canais abertos e menor moderação de conteúdo.
Sobre seu patrimônio, Durov esclareceu que não possui bens como "casa, iate ou jato particular", embora ocasionalmente alugue esses itens. Sua fortuna, estimada entre US$ 15 bilhões e US$ 20 bilhões (R$ 82 bilhões a R$ 110 bilhões), está principalmente vinculada ao valor do Telegram.
"Como não estou vendendo o Telegram, não importa. Não tenho esse dinheiro em uma conta bancária. Meus ativos líquidos são muitos menores, e eles não vêm do Telegram: vêm do meu investimento em bitcoin em 2013", explicou.
Durov revelou que após seu falecimento, o Telegram será administrado por uma fundação sem fins lucrativos. "Quero que ela continue existindo de forma independente, respeitando a privacidade e a liberdade de expressão", declarou.
Prisão
Na mesma entrevista, o empresário comentou sobre sua prisão na França em agosto de 2024. Ele enfrenta investigações por supostas cumplicidades em crimes como abuso sexual infantil e fraudes que teriam ocorrido através do Telegram.
Durov contestou as acusações. "Criminosos usarem nosso serviço de mensagens entre muitos outros não significa que aqueles que o administram sejam criminosos", disse. Ele acrescentou: "Nada jamais foi provado mostrando que eu seja, nem por um segundo, culpado de qualquer coisa".
O fundador do Telegram criticou a proibição de deixar o território francês durante o processo judicial. Sobre o período de detenção, relatou: "Fui interrogado implacavelmente nas dependências da alfândega judicial. Durante quatro dias, respondi a todas as perguntas".
Descrevendo as condições de sua cela, Durov acrescentou: "À noite, uma luz forte iluminava o quarto de 7 metros quadrados onde eu dormia em uma cama de concreto. Estava limpo, mas não havia travesseiro. E o colchão não era mais grosso sequer do que um tapete de ioga."