Um novo recurso em teste no aplicativo do Facebook está chamando a atenção — e levantando sérios alertas sobre privacidade digital. Chamado de “cloud processing”, o sistema propõe analisar regularmente fotos do rolo da câmera do seu celular, mesmo que você nunca tenha publicado essas imagens na rede social.
O que está acontecendo?
Usuários do Facebook relataram que, ao tentar postar uma nova história, foram surpreendidos por um aviso oferecendo sugestões geradas por inteligência artificial com base em fotos do dispositivo. Para isso, o app pede acesso contínuo às mídias da galeria pessoal, sob a promessa de criar colagens, resumos temáticos e “reestilizações com IA”.
Mas o que está por trás disso?
Ao ativar o recurso, o usuário concorda com os termos da Meta AI, que permitem a análise de rostos, objetos e datas das imagens, além do direito de “reter e usar” essas informações. A empresa afirma que, por enquanto, não utiliza essas imagens para treinar seus modelos de IA generativa — mas se recusa a descartar essa possibilidade no futuro.
Privacidade em risco
O ponto mais crítico é que, pela primeira vez, a Meta tenta contornar o ato consciente de publicar uma foto. Ao acessar diretamente o rolo da câmera do seu celular, ela se antecipa a qualquer decisão do usuário. É um movimento que, segundo especialistas, abre um novo precedente na coleta de dados sensíveis.
Além disso, relatos de usuários mostram que a Meta já está aplicando reestilizações com IA em fotos anteriores sem solicitação. Em um dos casos, imagens de casamento foram modificadas automaticamente com filtros inspirados em animações japonesas.
Como se proteger
- Acesse as configurações do app do Facebook no celular;
- Desative a opção “Cloud Processing” (ou “Processamento em Nuvem”);
- Verifique se o acesso ao rolo da câmera está restrito nas permissões do app;
- Fotos armazenadas no sistema serão removidas após 30 dias se o recurso for desativado.
Por que isso importa
Em tempos de avanço acelerado da IA, é fundamental saber o que suas fotos revelam — e para quem. Mesmo que a Meta afirme que os testes são inofensivos, o histórico da empresa com coleta de dados e uso ambíguo de termos de consentimento impõe uma atitude de cautela.
O Facebook já utiliza dados de postagens públicas desde 2007 para treinar suas IAs. O que está em jogo agora são suas memórias privadas, rostos de amigos, filhos e familiares — fotos que você nunca escolheu compartilhar, mas que podem acabar nos servidores de uma big tech.
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