FPS de respeito!

Counter-Strike 25 anos: veja quais fatores explicam o sucesso do game

Criado a partir de uma modificação de outro jogo, CS, como também é conhecido, é uma das franquias mais bem-sucedidas da indústria dos games

Por Jéssica Malta
Publicado em 29 de abril de 2024 | 07:00
 
 
 
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Se você é minimamente familiarizado com o universo dos jogos eletrônicos ou conhece alguém que seja, é bem provável que já tenha escutado o nome Counter-Strike, ou sua abreviação CS, pelo menos uma vez. O game, que completa 25 anos em 2024, é uma das franquias mais bem-sucedidas da indústria de jogos. Para se ter uma ideia da popularidade dos títulos da série, Counter-Strike 2 (a versão mais recente) alcançou, no último mês, mais de 27 milhões de jogadores, conforme dados oficiais do jogo. No Steam, a principal loja virtual de games do mundo, CS2, como também é conhecido, costuma ter um pico diário de mais de 1,5 milhão de players jogando simultaneamente. E mesmo que o jogo seja gratuito, as vendas de itens especiais na plataforma fizeram com que a Valve, desenvolvedora da franquia, chegasse a uma arrecadação bruta de US$ 7,5 bilhões (mais de R$ 38 bilhões na cotação atual) nos últimos 10 anos, de acordo com o site Gamalytic, que reúne dados sobre as vendas no Steam. 

Para Rosilane Ribeiro da Mota, professora da Escola de Belas Artes da UFMG e do departamento de Ciência da Computação da PUC Minas, o sucesso longevo do jogo tem uma forte relação com a proximidade da comunidade e com a possibilidade que ela tem de contribuir com o jogo. “Foi dada uma possibilidade para os jogadores em uma época que os jogos de FPS (first-person shooter ou tiro em primeira pessoa, em português) não tinham isso. Foi possível que a comunidade se juntasse para criar mapas e outras coisas em cima do próprio jogo e do ambiente dele”, afirma.

Essa relação com a comunidade fica evidente no próprio surgimento de Counter-Strike, em 1999. Embora os números impressionantes da franquia possam dar a entender que todo o planejamento do game tenha envolvido cifras milionárias, o popular CS surgiu como uma modificação de Half-Life, um jogo de tiro em primeira pessoa lançado em 1998. Criado pelos fãs do game e desenvolvedores Minh Le e Jess  Cliffe, o mod - como são conhecidas essas criações na comunidade gamer - ganhou o nome de Counter-Strike. 

A criação chamou atenção da Valve, que em 2000 se juntou aos desenvolvedores para lançar a primeira versão da franquia. Sucesso instantâneo, o jogo contou com uma mecânica mais fluida e direta. Diferentemente de outros jogos, CS não possui pausas ou trechos não jogáveis em que uma narrativa é apresentada: o game coloca os jogadores no papel de terroristas e contra-terroristas. Em uma batalha de grupos, os times precisam, respectivamente, realizar um ato de terror (principalmente plantando e explodindo bombas) e preveni-los (desarmando-as). 

É também por conta dessa mecânica mais simples que o jogo continua popular. É isso o que observa Daniel Fagundes, manager da BH - Bounty Hunters, equipe belo-horizontina de e-sports. “No futebol, por exemplo, às vezes você espera por 87 minutos por um gol. No CS é diferente. A cada 1min55s. você vai vibrar ou lamentar com alguma coisa”, aponta ele, referindo-se aos tempos de cada round do jogo. “Essa é até uma coisa que a psicóloga da equipe fala muito para a gente. O jogo pode estar 10 a 0, mas a cada 1min55s. você tem a chance de escrever um novo capítulo na história. Não é como outros jogos, em que as pessoas vão ganhando e ficando cada vez mais fortes e complicando ainda mais que você vença”, diz.

Fagundes ainda acrescenta que esse tipo de emoção mais rápida - multiplicada pela quantidade de rounds jogados - faz com que o público se interesse ainda mais pelo jogo, o que inclui não apenas os jogadores, mas também a torcida. 

Atualizações também contribuem para a popularidade

Ao longo dos 25 anos de existência, Counter-Strike também recebeu inúmeras atualizações que mantiveram o jogo atual, independentemente do tempo. Gráficos foram melhorados ao longo do tempo e novas versões também foram lançadas. O Counter-Strike 1.6, de 2003, foi responsável por tornar o jogo ainda mais popular ao redor do mundo. 

Foi também durante esse período que a força do jogo se tornou ainda mais palpável, já que foi graças ao êxito do game, que as lan houses se tornaram verdadeiros fenômenos ao redor do mundo. No Brasil, inclusive, o game também esteve intimamente ligado à cultura dos “corujões” aos finais de semana. Nesta modalidade, os usuários pagavam um valor fixo e poderiam virar a noite nos computadores - e jogar CS 1.6 era uma das principais atividades escolhidas. 

Por aqui, porém, Counter-Strike também viveu dias mais difíceis. Em janeiro de 2008, a comercialização do jogo e de qualquer outra coisa relacionada a ele foi proibida. Tudo isso aconteceu por conta de um mapa criado pela comunidade que simulava a cidade do Rio de Janeiro. A justificativa para o banimento das vendas, foi a violência extrema. A decisão, porém, não impedia totalmente o acesso ao jogo, já que era possível adquirir as versões digitais - em 2004 outras duas foram lançadas: Counter-Strike: Condition Zero e Counter-Strike: Source - pela Steam. A proibição  foi derrubada em 2009 e Counter-Strike voltou para as prateleiras das lojas. 
Quase uma década depois do lançamento do popular CS 1.6, o jogo ganhou uma repaginada ainda maior em 2012. Com Counter-Strike: a Global Offensive, ou simplesmente CS: GO, o jogo também passou a rodar em outras plataformas além do Windows (Playstation 3, Xbox, Mac OS X e Linux). Uma nova atualização veio em 2023: Counter-Strike 2.

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