Léo e Elas, Buteco do Gusttavo Lima, Andrea Bocelli, Ore Comigo, Henrique e Juliano, Caetano e Bethânia, Histórias, Bruno Mars e Visita do Profeta, somados a feiras, festas e eventos corporativos e esportivos, como a Stock Car, foram responsáveis por levar ao Mineirão até o início de dezembro deste ano cerca de 648.383 pessoas. Os números só não contemplam as partidas de futebol.
No cômputo total, o Mineirão é a segunda arena de futebol do país em número de shows, atrás da Allianz Parque, em São Paulo. O levantamento é do portal Torcedores.com entre os anos 2015 e 2024. Segundo Samuel Llyod, diretor do estádio, o futebol é ainda responsável por grande parte dos lucros da arena – só este ano foram 29 partidas, com média de público de 38 mil torcedores por jogo.
Pontapé com a Copa do Mundo
A percepção de que o Mineirão poderia ser palco de eventos culturais começou após a Copa do Mundo de 2014. Na época, os investimentos na modernização do estádio foram realizados com a adaptação da estrutura para grandes eventos. Finalizada a competição esportiva, veio a “barriga” de 2015/2016 e, sem a continuidade do contrato de fidelidade com o Cruzeiro, um novo cenário começou a se esboçar para a arena.
Desde essa reforma, em 2013, o Mineirão recebeu 517 partidas de futebol, para um público total estimado de mais de 13 milhões de pessoas. No segmento cultural, foram 1.176 atividades, entre shows, festas, feiras e eventos corporativos, para um total de 5,3 milhões de pessoas, colocando o estádio mineiro entre os grandes palcos do país.
“Eu sou de uma geração que tinha que ir para São Paulo ou Rio de Janeiro para assistir a shows, porque Belo Horizonte só atraía eventos de negócios”, conta Llyod. “Após as copas, chegamos à conclusão de que era a hora de trabalharmos o futebol como produto turístico”, acrescenta. O gestor considera que o Mineirão ajudou inclusive a preparar os produtores locais para eventos de padrão internacional.
Injeção na economia
Em 2019, Belo Horizonte despontou como mercado para shows. “A diferença nossa de Rio e São Paulo é que não somos dependentes de grandes produtores”, explica Llyod. Depois de uma pandemia que paralisou o mercado, dados do Instituto de Pesquisas Econômicas e Administrativas (Ipead), da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), referentes a 2022, revelavam uma nova realidade.
O levantamento realizado pelo instituto apontava que o Mineirão movimentou R$ 1,1 bilhão na economia de Minas em 2022, com injeção de R$ 963 milhões na economia, dos quais R$ 575 milhões decorrentes de 55 partidas de futebol e R$ 388 milhões de 152 eventos culturais e corporativos. Só em 2022, o Mineirão recebeu um público de quase 3 milhões de pessoas, sendo 2/3 para jogos e 1/3 para eventos.
Sustentabilidade
Prestes a completar 60 anos em 5 de setembro de 2023, o futebol continua a ser a principal fonte de renda do gigante da Pampulha. Para o próximo ano, no entanto, a agenda já está lotada. Tantos eventos obrigaram a direção do Mineirão a investir na sustentabilidade. O estádio é uma das iniciativas da cidade contempladas no prêmio da Embratur concedido à Belotur, no Concurso de Melhores Práticas ESG.
Uma das práticas é o investimento em energia renovável. Uma usina solar fotovoltaica, construída em parceria com a Cemig, tem capacidade de geração de 1.800 MWH/ano de energia, volume equivalente ao consumo médio de 1.400 casas. O sistema é composto por 6.000 células de silício cristalino instaladas em 9.500 m² de área na cobertura do estádio.
Outra ação é o reaproveitamento de resíduos em dias de jogos e eventos, realizado em parceria com a Associação dos Catadores de Papel, Papelão e Materiais Reaproveitáveis de Belo Horizonte (Asmare). Durante a reforma do Mineirão foi também instalado um sistema que tem a capacidade de armazenamento de cerca de cinco milhões de litros de água da chuva.
Nos últimos anos, o Mineirão viveu momentos icônicos, como a gravação ao vivo dos shows do Skank e da dupla sertaneja Clayton & Romário e a despedida de Milton Nascimento em 2022 dos palcos (foto acima, foto: Instagram / Fred Magno / O Tempo). Entre os shows, o que mais lotou a casa foi o de Luan Santana, em março de 2023, levando um público de 65 mil pessoas.