"Levanta-te meu boi e dança meu boi", teria dito o pajé, durante o ritual que ressuscitou o vistoso touro da fazenda, morto pelo pai Francisco para retirar a língua que saciou o desejo de sua esposa grávida, Catirina. Livre de arcar com o prejuízo do amo com a própria vida, o pai Francisco pagou pela promessa atendida. Assim, no século XVIII, surgiu a tradição do Bumba Meu Boi, uma celebração pagã que se reveste de caráter religioso.
O guia André Gutemberg explicou que o boi é, alegoricamente, ressuscitado num ciclo de 40 dias após a Quaresma, recebendo ainda, antes de 24 de junho - Dia de São João -, o batismo em uma igreja. Então, estará abençoado para suas apresentações.
Maior manifestação folclórica do país, o Bumba Meu Boi é hoje um símbolo do Maranhão, o que, inclusive, lhe rendeu o título de Patrimômio Imaterial. Atualmente, o Estado tem, segundo o guia Rodrigo do Norte, mais de 200 grupos de Bumba-boi. São agremiações nos moldes das escolas de samba cariocas, que têm um dono e se reúnem para ensaios e confecção das fantasias, diferentes todos os anos, durante os seis meses que antecedem as apresentações oficiais, nos festejos juninos.
Esses grupos se dividem em cinco modalidades denominadas sotaques: zabumba, orquestra, baixada, matraca e costa de mão. Cada uma com características próprias, delimitadas pela indumentária e instrumentos. Considerado a origem dos demais, o sotaque de zabumba tem como base o uso desse instrumento, enquanto o de orquestra se utiliza de instrumentos de metal; o sotaque de matraca, da matraca; o de baixada, do pandeirão, e o costa de mão, tocam os instrumentos com a costa da mão, devido às calosidades provocadas pela lida no campo.
Reggae
Com a sintonização das rádios caribenhas na década de 60, o reggae entrou, definitivamente, na cultura maranhense. Hoje, apreciar a música jamaicana é roteiro obrigatório em São Luís, onde ganhou estilo próprio: é o único local do mundo em que é dançado a dois. Mas essa não é a única curiosidade - sua vivência, em casas do gênero, é uma espécie de túnel do tempo, que evoca a filosofia daquela época.