É bem provável que antes da novela global "Império", produzida em 2014 e em reprise no momento, você nunca tenha ouvido falar do Monte Roraima. O lugar mágico e pouco explorado no turismo virou destaque no folhetim por conta uma de obsessão do protagonista, o comendador José Alfredo (Alexandre Nero). Como na novela, existem muitas lendas e mistérios que cercam o monte, que os índios denominavam Makunaima.
Na época de lançamento da novela, há seis anos, o turismo em Roraima cresceu cerca de 10%, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Mas operadores afirmam que a procura pelo destino foi muito maior, cerca de 500%. Com a reapresentação da trama, o destino de natureza exuberante — e por impulso das novas tendências do turismo na pandemia — retorna com força como produto nas agências de viagens.
Monte com pacote cultural
A agência mineira VTours por exemplo, oferece pacotes culturais para o destino, com o Monte Roraima como opcional. De acordo com Vilma Alagiyawanna, diretora da agência, a ideia de lançar o pacote veio por sugestão de uma viajante. "Uma cliente que costuma viajar pelo mundo e gosta muito de trilhas, de subir montes, como o Kilimanjaro, pediu para que montasse uma viagem para Roraima, porque se entusiasmou com a novela".
Segundo Vilma, a natureza nessa região é rica, com cachoeiras, lagos e serras, além das diferenças regionais, incluindo a gastronomia, e a filosofia de vida, "tudo isso encanta os turistas". Para viabilizar a viagem, a VTours fez parceria com o receptivo local Roraima Adventures, que oferece, além do Monte Roraima, programas para desbravar o pico da Neblina, imersão na floresta Amazônica e atividades de turismo rural na região.
Fronteiras fechadas
Com 2.875 m de altitude, o Monte Roraima — nos limites entre Brasil, Venezuela e Guiana —, só é acessível por uma trilha na Venezuela, o que é impossível agora por conta do fechamento das fronteiras. Curiosamente, 80% de sua área de 90 km² estão na Venezuela, 15% na Guiana e 5% no Brasil. Para proteger o maciço rochoso que rasga as nuvens, foi criado em 1989 o Parque Nacional do Monte Roraima, numa área de 116 mil hectares.
"Na realidade, o boom em Roraima foi um "Globo Repórter" em 2013, depois veio a novela. Atingimos o limite de nossa capacidade", conta Joaquim Magno de Souza, proprietário da Roraima Adventures. A empresa de turismo de aventura oferece três opções de roteiros ao atrativo: de sete a dez dias, com opção de duas a cinco noites no topo do monte. "Pena que neste momento esbarramos na questão das fronteiras fechadas na Venezuela", conta.
Atrativos
A diferença entre os roteiros está na quantidade de dias no topo. "Quantos mais dias, mais atrativos serão visitados", conta Souza. Lá no alto, são pelo menos nove dias de trekking para conhecer os principais atrativos: Ponto Triplo (fronteira dos três países), El Foso, Vale dos Cristais, Pedra Maverick, piscinas Jacuzzi, Salto Catedral, mirante La Ventana e lago Gladys. A melhor época para visitar a região é de setembro a março, quando chove menos.
Hoje, para chegar ao topo do morro, o visitante terá que fazer como o comendador José Alfredo e viajar em um helicóptero, por cerca de uma hora e meia a partir de Boa Vista — que fica a uma distância de cerca de 265 km —, o que já é por si só uma experiência memorável. A aeronave pousa no imenso platô que inspirou o inglês Conan Doyte a escrever a ficção “O Mundo Perdido”. As três saídas mensais da Roraima Adventures já estão lotadas para este ano e levam, no máximo, nove pessoas.
"Por enquanto, estamos oferecendo a opção de vouchers. A pessoa adquire o pacote para uma data e se ocorrer algum impedimento, não perde o valor pago, podendo remarcar a viagem com prazo de até 18 meses. Se não usufruir nesse prazo, poderá remarcar por mais um ano, ou seja, até 2023, mantendo o crédito em voucher", explica o proprietário do Roraima Adventures. Mas a viagem precisa ser adquirida com antecipação de 90 dias.
Raposa Serra do Sol
Uma parte dos turistas viaja em um helicóptero com capacidade para quatro pessoas, outro grupo precisa se acomodar em avião monomotor e descer na comunidade indígena Raposa Serra do Sol, base de apoio nas proximidades do morro, para depois ser apanhado pelo helicóptero. O único requisito da viagem é ter boa disposição física, explica Souza, porque o turista anda cerca 9 ou 10 quilômetros por dia. Também só se pode visitar o local na companhia de um guia.
"O Monte Roraima é quase um país, tem 90 km² de área. Em cinco noites, você visita os principais pontos turísticos, mas não vai ver nem 2% do que existe lá", afirma Souza, que faz excursões para o destino há 19 anos. No topo, a hospedagem é em barracas montadas em acampamentos rústicos, mas confortáveis, como o Coati, que fica ao lado de uma gruta, As barracas têm capacidade para até duas pessoas ou podem ser privativas. O preço dos pacotes estão a partir de R$ 13.250 por pessoa, dependendo do número de noites no monte.
A aura mística que circunda o monumento rochoso, formado há bilhões anos, tão demarcadado na novela das nove, se reflete nos cristais coloridos que brotam espontaneamente do chão, nos rios subterrâneos, nos poços de águas cristalinas e nas formações rochosas que geram curiosas figuras. Segundo Souza, é algo surreal, principalmente por conta da neblina espessa que envolve o topo. "Você tem a nítida sensação que está em outro planeta", conta.
Ecoturismo e Turismo Cultural
Outra forma de vivenciar Roraima e ainda visitar o cartão-postal famoso é o roteiro cultural da agência VTours, que inclui traslado privativo, hospedagem em pousadas com café da manhã, passeios e guias. A viagem começa por Boa Vista, a capital, faz passeio de barco pelo rio Branco e city tour noturno. No segundo dia, visita-se a comunidade indígena do Guariba, para conhecer danças típicas, artesanato e plantação de pimentas, e a serra do Tepequém.
Na serra do Tepequém estão atrativos famosos da região, as cachoeiras do Paiva, do Barata e do Pedral, com suas piscinas naturais para banhos. Um dia é dedicado à região da Água Preta, à trilha do Platô da Serra Grande, à Vila do Sobral, às cachoeiras do Sobral e do Funil. O último dia é dedicado à visita à Fazenda Bacabal, uma das mais tradicionais de Roraima para conhecer sua criação de cavalos Lavradeiros.
Serviço
Quem leva
Agência VTours: Mais informações, ligue (31) 99637-8984 ou envie-email para vilma@vtours.tur.br. Preço sob consulta. Saídas em fevereiro.