Vez ou outra na vida, a gente inventa uns desafios para si próprio. É uma maneira de se dar uma sacudida e sentir-se vivo. Minha autoprovocação foi chegar à Janela do Céu: o ponto mais cobiçado do Parque Estadual do Ibitipoca, na Zona da Mata mineira. No total, são 16 longos quilômetros de trilha, sendo os quatro iniciais de pura subida. Para os sedentários, não é tarefa das mais fáceis. Prepare o espírito e “só vai”!

Poucos metros à frente da portaria do parque, você encontrará uma placa que indica o início da trilha. Serão 6.550 m até o atrativo. É possível fazer o caminho inverso, mas é sempre melhor encarar a parte mais difícil – de subida – na ida e descer na volta, quando se está mais cansado.

Subida

O ideal é ir cedinho para esse passeio, assim você não pegará o sol a pico no trajeto nem ficará no breu, no meio da mata, na hora de retornar. Os primeiros quilômetros são de vegetação rasteira e não há onde se esconder. Devido à altitude, é possível que uma neblina o acompanhe e faça frio. Por isso, vale também levar uma blusa corta-vento.

Além da motivação, se abasteça ao menos de 2 l de água e alguns petiscos (alguém disse chocolate?). Não carregue muito peso porque você vai se lembrar de cada grama a mais nas costas ao subir a serra. Abuse do protetor solar e leve um chapéu ou boné. Não há como se perder: é seguir morro acima.

Cansaço bateu? Faça uma pausa e aproveite a vista do mar de montanhas, que é lindo. Um sábio já dizia que o importante é o caminho, não apenas a chegada. Aproveite cada passo na trilha para expurgar seus problemas: faça dessa vivência um momento consigo mesmo. Ao chegar ao histórico monumento do Cruzeiro, se permita ainda um intervalo para registrar tudo em selfies com os amigos. Passada a exaustão, a lembrança que fica é de puro contentamento.

Do cruzeiro ao pico da Lombada, o ponto mais alto do parque – 1.785 m de altitude –, se vai outro 1,5 km de caminhada. De lá se tem uma vista panorâmica da região. Na rota também estão as grutas do Fugitivo/Três Arcos, da Cruz e dos Moreiras. Valem a visita. Depois disso, alguns metros de descida, e você enfim estará diante da placa que sinaliza a Janela do Céu.

Auge

Vá preparado para uma possível espera de duas ou três horas para tirar foto no atrativo. Durante os fins de semana, férias e feriados, forma-se uma fila no local. Sente, descanse e espere. Afinal, você não andou tantos quilômetros para desistir agora, certo?

Depois de descer uma escada de madeira, a Janela do Céu se desvenda como uma piscina natural de borda infinita. É bonito demais… Mas, sim, a água também é fria demais. Encare esse último desafio para fazer o registro. Porém, nada de se arriscar pela foto perfeita. Respeite o limite de aproximação da beira do poço. Há muito o que ver ainda em Ibitipoca.

 

Outras 48 cachoeiras estão a sua espera

Depois de alcançado o sucesso de chegar até a Janela do Céu, é hora de relaxar nas atrações dos outros dois circuitos do parque, que conta com 48 cachoeiras e 74 grutas. O das Águas tem apenas 5 km, sendo o mais acessível. Um de seus atrativos é a Prainha, que fica na entrada da unidade e é um bom lugar pra bater papo e tomar uma cerveja com os amigos. O restaurante, a alguns metros de distância, tem opções a preços justos. Outro lugar próximo e superdelícia é o lago dos Espelhos: ideal para nadar.

Já a ida até a cachoeira dos Macacos requer um pouco de esforço, mas na rota estão mirantes naturais espetaculares. O circuito ainda conta com o lago das Miragens, a ponte de Pedra, as grutas dos Coelhos e dos Gnomos, além do lago Negro e da praia das Elfas.

O terceiro circuito é o do Pico do Peão, que leva o nome do segundo ponto mais alto do parque, com 1.720 m. Ele tem 9 km e conta com as grutas do Peão, dos Viajantes e o Monjolinho.

 

Prepare-se para a trilha:

- Confira a previsão do tempo antes de sair para a trilha.

- Passe no centro de visitantes, pegue um mapa e peça orientações sobre o percurso. Informe ainda qual o destino de seu grupo.

- Caminhe apenas nas trilhas indicadas no mapa.

- Não ultrapasse as áreas permitidas.

- Ao visitar uma gruta, tenha cuidado: leve lanterna, use calçado fechado, não faça barulho e não entre desacompanhado.

- Leve um saco e recolha seu próprio lixo.

- Leve água e lanches.

- O parque pode exigir o cartão de vacinação com o registro da imunização contra febre amarela. Na dúvida, é melhor levá-lo.

 

SERVIÇO

Parque Estadual do Ibitipoca. Entrada em dias úteis a R$ 20 por pessoa. Nos fins de semana e feriados, a entrada sai por R$ 25. Aberto das 7h às 18h. Diária de estacionamento de motocicletas a R$ 20, de veículos de passeio (até sete pessoas) a R$ 25 e de veículos para mais de sete pessoas a R$ 65. Inf.: (32) 3281 1101. ief.mg.gov.br.

 

Como chegar

De carro. São 320 km saindo de Belo Horizonte. Siga na BR–040, sentido Rio de Janeiro, até a placa “Lima Duarte, Caxambu, São Lourenço”. Então, entre na BR–267 e siga até o município de Lima Duarte. Daí, serão 26 km praticamente só de estrada de terra. Em Ibitipoca, não há posto de combustíveis.

 

De ônibus

Belo Horizonte/Juiz de Fora

Ida e volta pela Viação Atual a partir de R$ 83,40. Partidas diárias entre 1h e 20h45; exceto aos domingos, quando inicia-se às 7h. Inf.: (11) 2404- 8499 ou ciaatual.com.br.

 

Juiz de Fora/Lima Duarte

Ida e volta pela Viação Bassamar a partir de R$ 17,20. Partidas diárias entre 6h e 19h, mas é preciso pegar o das 14h para alcançar a segunda linha rumo a Ibitipoca. Inf.: (32) 3215-1109 ou https://bit.ly/2Es3CIK.

*Atenção: essa linha não parte de dentro do terminal rodoviário. Sai do centro da cidade e passa pelo ponto de ônibus urbano em frente à rodoviária de Juiz de Fora. Informe-se no guichê da Bassamar.

 

Lima Duarte/Ibitipoca

Ida e volta pela Viação Vimara por R$ 17. Ida de segunda a sexta-feira, às 6h15 e às 15h15; sábados, domingos e feriados, às 7h15 e às 15h15. Retorno de Ibitipoca de segunda a sexta-feira, às 8h e às 17h; sábados, domingos e feriados, às 9h e às 17h. Inf.: (32) 3281-1390

*Serviço de táxi disponível; consulte preço no local.

 

Vila/Parque

Uma Kombi faz o trajeto desde o centro da vila. Ela sai da esquina em frente ao mercado Ibralândia, entre 6h10 e 7h, e retorna à tarde, por volta das 17h. Custo entre R$ 7 e R$ 10, dependendo da temporada.

 

Onde ficar

No parque

Camping. Custo de R$ 60 por pessoa por dia. Conta com estrutura básica de banheiros e restaurante. Informações no (32) 3281 1101 ou no peibitipoca@meioambiente.mg.gov.br.

 

Na vila

Diogenes Pousada. Diária a partir de R$ 80 por pessoa. Estrada do Parque Estadual, 69, Conceição do Ibitipoca, Lima Duarte. (32) 984510878. diogenespousada.com.

Pousada Ibitilua. Diária no camping por R$ 35 por pessoa (café da manhã opcional a R$ 15). Conta com cozinha comunitária, banheiros com ducha quente e Wi-Fi. Chalé a R$ 160 e suíte a R$ 170 a diária, casal, com café da manhã. Fica a 3 km do parque. (32) 3281-8211/ (32) 3281-8200/ (32) 98409-4822. Informações na página facebook.com/camping pousadaibitilua.

 

Fora da vila

Pousada Alto dos Manacás. Chalé com diária casal a partir de R$ 300 com café da manhã. A 500 m da portaria principal do parque. (32) 98403-8558/(32) 98401-0027. Informações no site altodosmanacas.com.br.

Alquimia Chalés. Chalé a partir de R$ 220, casal, com café da manhã. Rua Geraldo Fortes, 15, Conceição do Ibitipoca. (32) 98423-8235. Inf..: alquimiaibitipoca.com.