Grafite

Esquina Literária: ruas de SP ganham poesia gigante de Arnaldo Antunes

Grafite de 600 m² será o primeiro de três murais em empenas cegas da região; primeira obra servirá como espécie de QR Code

Por Folhapress
Publicado em 13 de novembro de 2019 | 15:30
 
 
 
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"Apenas Pensa". Na esquina das avenidas Duque de Caxias com a São João, no centro de São Paulo, começa a surgir, nesta quarta-feira (13), um enorme grafite de 600 m² com essas duas palavras. Repetidas, formam um poema. Arnaldo Antunes, músico e poeta, é o autor.

Será o primeiro de três murais em empenas cegas da região que, quando finalizados, irão formar um conjunto batizado de Esquina Literária.

Escrito em vermelho, com o fundo amarelo, a poesia concreta gigante será uma espécie de convite à reflexão.

A própria obra funcionará como uma espécie de QR Code. Quem baixar um aplicativo especialmente desenvolvido para ela e apontar o celular para a pintura terá acesso a um vídeo com a poesia de Antunes -que deve ir ao local participar de uma projeção nesta quarta, por volta das 20h.

Quando essa e as outras intervenções estiverem prontas, a ideia é que dialoguem com o ambiente urbano e seus moradores.

O projeto nasceu do convite do produtor cultural Pagú, 33, -responsável pela criação do Aquário Urbano, também no centro, que deverá ser a maior instalação de arte urbana do mundo- e Fernando Bueno.

Quando o produtor foi ao local escolhido para a obra de Antunes, se deu conta que o entorno do prédio oferece outros espaços possíveis para a arte urbana.

Ele diz que os próximos convites serão feitos para a cartunista Laerte e Akapoeta, surgido nas redes sociais, onde arrebatou milhares de seguidores.

Segundo Pagú, a inspiração do projeto vem do Museu da Língua Portuguesa, em São Paulo, e do Inhotim, em Brumadinho.

O produtor estima que apenas esta pintura, com os gastos de projeção, e a criação do aplicativo para acessar o vídeo, custe em torno de R$ 80 mil. "A estimativa é essa, mas só saberemos mesmo no final da obra", diz Pagú, que irá bancar o projeto e conta com a ajuda de parceiros, mas não de patrocinadores.

A arte que pode mudar a cara desse pedaço do centro de São Paulo veio ao encontro do desejo de um dos proprietários do hotel Rojas All Suite, que receberá o grafite com o poema de Antunes.

Roberto Worcman, 32, conta que já havia procurado grafiteiros interessados em usar a empena cega do prédio e corrido atrás de uma forma de viabilizar a intervenção, mas não havia conseguido até agora.

"Vai ser um presente para a cidade", diz. "O mais importante é que vai valorizar essa região que é muito bonita."

Arte pela cidade
Muito além da região central ou do Beco do Batman na Vila Madalena, zona oeste da capital paulista, grandes galerias de grafite se espalharam pela periferia da cidade e pela Grande São Paulo, abertas à visitação e à curiosidade de paulistanos e estrangeiros.
O processo surpreende. A gestão Bruno Covas (PSDB), após João Doria ter apagado os grafites da avenida 23 de Maio, deu uma guinada na política de seu antecessor e promoveu um programa de arte urbana pela capital.

O programa de disseminação de arte urbana, que teve início em outubro, abarca grafites, lambe-lambes (técnica utilizada com pôsteres fixados em paredes com cola de polvilho ou farinha) e fotografias, entre outros.

Parceria entre as secretarias de Cultura e de Subprefeituras, que habitualmente é encarregada de apagar essas obras, o projeto contará com R$ 1,5 milhão de investimento inicial.

O projeto é tratado como segunda etapa Museu de Arte de Rua. A ideia surgiu após o então prefeito afirmar que havia errado no tratamento inicial que dispensara aos grafiteiros. No entanto, nunca ultrapassou escala modesta.

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