Secretários e gestores de turismo de 19 municípios de Minas Gerais enviaram nesta segunda-feira um ofício ao governador Romeu Zema, com cópia para os secretários das pastas de saúde, cultura e turismo e desenvolvimento econômico, solicitando que o governo "retroaja ao sistema de ondas, exceto a roxa, do Minas Consciente" para salvar sua economia. Assina ainda o documento a Federação de Circuitos Turísticos de Minas Gerais (Fecitur). Também 13 associações comerciais e empresariais endereçaram uma carta manifesto ao governo estadual para pedir urgência na retomada das atividades.
Além da flexibilização das restrições, o documento enumera outras quatro ações necessárias para salvaguardar empresas e empregos nos municípios, entre elas a inclusão em todas as ondas da abertura de parques, o apoio da Secretaria de Estado da Cultura e Turismo (Secult) para promoção de Minas como destino seguro, a apresentação de um cronograma de vacinação, com apoio para compra de imunizantes pelo consórcio de municípios, e a criação pela Secult de programa de auxílio emergencial para os trabalhadores da cultura e turismo, utilizando os recursos não usados da Lei Aldir Blanc.
Procurado pela reportagem, o secretário de Estado da Cultura e Turismo, Leônidas Oliveira, afirmou que agendou nesta terça-feira, às 17h, uma reunião com os secretários e gestores. Bruno Alves da Rosa, secretário de Estado de Turismo de Camanducaia, um dos articuladores do movimento, confirmou a reunião. "O secretário Leônidas Oliveira tem sido um grande porta-voz com o governo estadual", afirma.
"O turismo em Minas Gerais vem sofrendo muito com as medidas restriticas da Onda Roxa do Minas Consciente, sabemos que a base do plano é salvar vidas, e não discordamos que isso realmente é o que importa. Porém, com todo o período que o trade turístico não trabalhou em 2020 e agora com as restrições de 2021, estamos assistindo, com muita preocupação, a caminhada de meios de hospedagem, restaurantes, lojas, agências, guias, instâncias de governança, entre outros, à situações financeiras extremamente delicadas", diz o documento.
Entre os gestores de cultura de municípios que assinam o documento estão os de Capitólio, Caxambu, Diamantina, Extrema, Gonçalves, Santa Luzia, Monte Verde, Ouro Preto, Poços de Caldas, Prados, São José da Lapa, São João del-Rei, São Lourenço, Serro e Tiradentes, além de representantes dos circuitos Trilha dos Inconfidentes, Serras Verdes do Sul de Minas, das Águas, Nascentes das Gerais e Canastra e Serras Verdes do Sul de Minas. Nas últimas 24 horas outros oito municípios de diversas regiões do Estado aderiram à mobilização.
"Estamos preocupados com o turismo e as empresas, mas isso não significa que não estamos preocupados também com a saúde", esclarece Bruno Alves da Rosa. As demissões, segundo ele, só não aconteceram em Monte Verde ainda por conta de um acordo com o Sindicato das Serras Verdes. "Haverá diminuição de salário para evitar demissões", explica. Sem a Medida Provisória 936/2020, que permitia a suspensão temporária do contrato ou a redução da jornada de trabalho, a situação ficou insustentável para as empresas.
Segundo levantamento da Agência de Desenvolvimento de Monte Verde (Move) junto a seus associados, as empresas de turismo deixaram de faturar no período da Onda Roxa cerca de R$ 15 milhões. "No ano passado ficamos três meses fechados e perdemos menos do que um mês fechado neste ano", afirma Rosa, que também é hoteleiro. Rebecca Wagner, presidente da Move, afirma que a entidade não é contra o lockdown, mas o Minas Consciente precisa olhar para o turismo com mais atenção. "Cerca de 80% do turismo são microempresários e não têm estrutura para suportar lockdown por muito tempo", salienta.