O Sítio Roberto Burle Marx, em Barra de Guaratiba, no Rio de Janeiro (RJ), avançou mais um passo na candidatura a Patrimônio Mundial. Entre os dias 22 e 24 de janeiro, o local recebeu a visita de especialistas do Conselho Internacional de Monumentos e Sítos (Icomos), órgão assessor da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco). As arquitetas e paisagistas Mónica Luengo, espanhola, e Maria Cristina Castel-Branco, portuguesa, realizaram uma jornada de assessoramento com o propósito de auxiliar o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) no processo de candidatura do sítio a Patrimônio Mundial.

Essa foi a primeira visita das técnicas do Icomos ao Sítio Roberto Burle Marx, desde que a propriedade passou a integrar a lista indicativa de candidaturas brasileiras a Patrimônio Mundial. As especialistas se mostraram impressionadas com a extraordinária coleção botânico-paisagística do local e suas mais de 3.500 espécies de plantas tropicais cultivadas. “Elas viram com os próprios olhos a exuberância e a genialidade do pensamento e obra de Burle Marx, sintetizadas ali, em seu laboratório. Encerramos essa jornada otimistas quanto à candidatura do Sítio Roberto Burle Marx”, disse o diretor do Departamento de Cooperação e Fomento do Iphan, Marcelo Brito.

A próxima etapa, prevista para setembro, é a entrega do dossiê preliminar para revisão da Unesco. Até o fim do ano, o Iphan deve apresentar o dossiê definitivo. Se o documento for aprovado, o sítio deve receber nova visita de especialistas, para uma missão de avaliação. A expectativa é que o sítio seja reconhecido como Patrimônio Mundial ainda em 2019.

Critérios de reconhecimento

O sítio representa a ruptura de Burle Marx na história do paisagismo, ao reinventar o conceito de jardins tropicais, uma inovação em relação à tradição de jardins clássicos e românticos do século XIX e início do XX. A integração entre arte, cultura e paisagem salta aos olhos de quem passeia pela antiga residência e ateliê do paisagista, testemunho de seus experimentos e de sua obra.

Nele, estão sete edificações, cinco espelhos d'água e um acervo museológico de mais de três mil itens. Tombado pelo Iphan desde 1985, no local funciona ainda um museu e um Centro de Estudos de Paisagismo, Botânica e Conservação da Natureza. 

O dossiê de candidatura do Sítio Roberto Burle Marx como Patrimônio Mundial deverá expressar os atributos que configuram o seu valor universal excepcional. O sítio é um testemunho do intercâmbio de valores humanos, um exemplo representativo do paisagismo moderno e do pioneirismo de Burle Marx na preservação ambiental.

O reconhecimento como Patrimônio Mundial anseia mais do que visibilidade dentro e fora do Brasil. Seu propósito é a promoção, fomento e fortalecimento da gestão do sítio. “O seu papel enquanto espaço de pesquisa, investigação, estudos, experimentação das iniciativas empreendidas por Roberto Burle Marx, deve assim, se fortalecer”, conclui Marcelo Brito.

Formação em paisagismo

Após a visita de campo, a jornada se encerrou com um debate no Centro Lucio Costa de Formação em Gestão do Patrimônio, no centro do Rio de Janeiro. Como desdobramento dos estudos que a instituição está promovendo no Sítio Roberto Burle Marx, o Iphan planeja oferecer, no Centro, oportunidades de formação na área de arquitetura da paisagem.