Castelo” em francês é “château”. A palavra também serve para definir palácio (já foi só “palais”). Châteaux fazem parte indissociável da paisagem do Vale do Loire, região francesa que fica a duas horas de Paris de carro e a uma hora e meia de trem. São, pelo menos, 300 châteaux entre Orleans e Tours, as duas principais (e maiores) cidades da região, mas estima-se que apenas 70 deles estejam abertos à visitação.
“São tantos châteaux que não sabemos quantos são ou os que estão abertos à visitação”, afirma Isabelle Scipion, do Comité Regional de Turismo Centro – Vale do Loire, órgão oficial de turismo. Entre um château e outro estão paisagens bucólicas de uma França interiorana, com seus vilarejos retirados de contos de fadas, vinhedos a perder de vista, um rio que serpenteia planícies e trilhas de cicloturismo para apaixonados pelos pedais.
Refúgio
Dois a três séculos atrás a nobreza francesa transformou o Vale do Loire em seu refúgio de caça e descanso para fugir do burburinho de Paris, criando um paraíso na Terra no formato de imponentes construções renascentistas, com seus jardins maravilhosos e todo luxo possível. Monarcas, como Francisco I, o “Rei Sol”, ordenaram erguer châteaux grandiosos, como o de Chambord, para exibir seu poderio para o mundo.
Floresceram no intitulado “Vale dos Reis” châteaux dos mais diversos estilos – nenhum é igual ao outro, diga-se de passagem –, com jardins milimetricamente planejados. Sim, na França todo château tem um jardim. Não é à toa que o Vale do Loire foi batizado de “Jardim da França”. Dos 22 maiores châteaux do país, 15 estão na região, alguns são monumentos nacionais, outros servem como hotéis e bed & breakfast ou pertencem a vinhedos.
Natal/Páscoa
Vale do Loire também comemora datas especiais. De dezembro a início de janeiro, durante o Natal, e em abril, no período da Páscoa, os châteaux investem fortemente em decoração. É um período interessante para conhecê-los adornados. Cada um utiliza uma temática: o de Amboise são ursos; o de Chenonceau,animais fantásticos, e o de Azay-le-Rideau, gastronomia. No verão, de meados de junho ao início de setembro, eles são iluminados à noite. Nesta época do ano, acontecem exposições e apresentações culturais em espaços ao ar livre.
Como escolher
Para não ir com toda sede ao pote e acabar exausto já no segundo dia de viagem, escolha visitar um ou dois châteaux por dia – um na parte da manhã e outro à tarde, com paradas estratégicas para café, almoço e degustação. Reserve as noites para experimentar os pratos do Vale do Loire. Entre uma visita e outra, as lojas de biscoitos, doces, vinhos e azeites próximas de cada atração convidam às compras e têm ótimos suvenires.
Para saber como escolher entre os 300 châteaux, a dica de um francês é o melhor caminho: dê preferência àqueles que começam com ch – Chambord, Chaumont, Chenonceau e Cheverny –, inclua um menor e privado, como, por exemplo, Azay-le-Rideau ou Sully-sur-Loire, um em que os destaques sejam os jardins ou um conto de fadas (os mais procurados são Villandry e Ussé). Para facilitar a locomoção e economizar tempo, combine um château que esteja próximo de outro, como Amboise e Clos Lucé.
DICA 1
No Loire, o turismo se baseia no tripé château, gastronomia/vinho e cicloturismo. Entre uma cidade e outra, visite um château, pare em um vinhedo e deguste que o francês tem de melhor.
DICA 2
No Vale do Loire, são cerca de 300 vinícolas abertas à visitação de Sancerre ao oceano Atlântico, todas reunidas na associação Vins du Vale do Loire Vignoble (vinsvaldeloire.fr ou vin-vigne.com).
Loire à Vélo
5.000 km de rotas no cicloturismo
Plano, com estradas asfaltadas e bem-sinalizadas, o Vale do Loire pode ser percorrido de diversas maneiras – alugando um carro, contratando um receptivo como o Odyssée en Val de Loire, da poliglota Stéphanie le Donne, ou de bike – “bicicleta” em francês é “vélo”. Hoje, o Loire é o principal destino de cicloturismo na França, com cerca de 5.000 km de rotas para praticantes do esporte.
“O cicloturismo tem crescido muito. O roteiro envolve mais de 400 profissionais com apoio especial ao praticante do esporte – paradas para almoço, trajetos fechados a carros, estacionamento e serviço de transporte da bagagem ao longo de todo o percurso”, informa Isabelle. A marca “Vélo” identifica o itinerário. O circuito mais famoso começa em Orléans e vai até o oceano Atlântico, com mais de 800 km.
Mas há roteiros curtinhos pedalando por estradinhas vicinais – as bicicletas francesas vêm com cesta e porta-garrafa (é para carregar vinho mesmo!). Há também programas que combinam pedaladas com remadas – você pode descer de barco o rio Loire para visitar um château e voltar de bike para o hotel. Esse é um dos programas do Loire à Vélo.
SERVIÇO
Quem leva
Operadora: Abreu.
Inf.: Consulte seu agente de viagens
Saída: 11 de abril
Inclui: 4 noites com café (3 em Paris e 1 em Clos Lucé), traslado, tour em Paris, Museu do Perfume Fragonard, ônibus turismo, 2 almoços, visita aos châteaux de Chenonceau, Amboise, Villandry, Azay-Le-Rideau e 2 degustações de vinhos
Preço: A partir de R$ 7.544 em acomodação dupla
Aéreo: Sob consulta
O jornalista viajou a convite do Atoute France, do Comité Régional Tourisme Centre – Val de Loire e da companhia aérea Air France/KLM