Nas versões de um mesmo fato, sempre vão aparecer dois lados da história. Porém, nos recentes confrontos entre duas torcidas organizadas do Cruzeiro – Máfia Azul e a Pavilhão Independente –, a versão pode ser vista de uma forma só: não existem razões plausíveis – incluindo os motivos fúteis –, para justificar a onda de confrontos que as duas facções têm proporcionado.
Elas atrapalham a vida do clube, que é punido com multas, perdas de mando de campo e até com o cancelamento da festa oficial do tri, e colocam em risco a vida de pessoas inocentes, que não têm nada a ver com a rixa.
A história de conflitos é antiga, mas tem se agravado. Depois de algumas brigas internas, alguns integrantes da Máfia Azul, em 2010, deixaram a torcida e passaram a fazer parte da Pavilhão Independente.
Algum tempo depois, até houve entendimento entre as duas torcidas. No entanto, o suposto uso de um boné da torcida jovem do Flamengo por um integrante da Pavilhão, representando a união entre as torcidas, teria irritado a Máfia – por ser rival dos flamenguistas – iniciando a série de agressões mútuas.
As duas torcidas apresentam versões diferentes para os fatos. Segundo o advogado da Máfia Azul, José Augusto Medeiros, as brigas são provocadas por integrantes da Pavilhão, que estariam insatisfeitos por terem sido expulsos. “São ex-integrantes da Máfia que foram expulsos e que querem retomar o comando da torcida. Eles só brigam na frente das câmeras para acabar com a imagem da Máfia Azul”, declarou.
Medeiros contou que, no jogo contra o Bahia, a confusão foi iniciada pela torcida rival e que a diretoria da Máfia não compactua com violência. “Eles (da Pavilhão) começaram a atirar pedras. A direção da Máfia foi embora. Os membros que brigaram foram contra a direção da torcida. Eles serão identificados e expulsos. A direção é nova e está mudando a mentalidade da torcida”, afirmou o advogado, que está há 60 dias no cargo.
A versão da Pavilhão é diferente. Segundo um dos diretores, que não quis se identificar, foi a Máfia que iniciou as confusões que cancelaram a festa. “Quando chegamos ao estádio ontem (domingo), três integrantes nossos tinham sido agredidos covardemente”, disse.
O diretor afirmou que a diretoria da Máfia não consegue controlar sua torcida. “As diretorias das duas torcidas estão de acordo pra não ter briga. Mas a Máfia é muito grande e eles não estão conseguindo controlar os seus integrantes”, declarou.
Mattos não quer ingressos para os clássicos no Horto
A diretoria do Cruzeiro segue revoltada com os recentes acontecimentos envolvendo as torcidas organizadas a Máfia Azul e Pavilhão Independente. Além das constantes desavenças e da perda de um mando de campo, a gota d’água foi o cancelamento da festa do tricampeonato, planejada para ser realizada do lado de fora do Mineirão.
Por causa disso, e querendo se precaver de novas punições, o diretor de futebol da Raposa, Alexandre Mattos, afirmou que a agremiação cinco estrelas não vai solicitar ao Atlético a carga de ingressos para clássicos realizados no estádio Independência. “O Cruzeiro não quer ingresso. Não vai. Não faço questão, porque sabemos que vão esses marginais que sujam a torcida. Um por cento de vândalo”, declarou, em entrevista à rádio Itatiaia.
O dirigente lamentou as confusões e o fato de o problema seguir se repetindo há algum tempo sem uma solução. “Prendam, punam, julguem. Botem na cadeia. Se eu pudesse, faria alguma coisa. Mas não posso. São as mesmas pessoas. Condenem. É o mesmo problema de sempre”, reclamou Mattos.