Centenas de ambulantes vão protestar contra uma suposta truculência da Polícia Militar (PM) no entorno da Arena MRV, na região Noroeste de Belo Horizonte, no final da tarde desta terça-feira (23 de abril). Em vídeos e áudios gravados no jogo do último sábado, os ambulantes denunciam que foram proibidos de trabalhar e ofendidos pelos militares. Em uma das situações, a categoria foi chamada de “rata”: “quanto mais tira, mais aparece”, teria dito um militar. A PMMG informou que não recebeu denúncia e incentivou o registro junto aos órgãos competentes.
Os vendedores estão se apoiando na lei sancionada pelo prefeito Fuad Noman, em fevereiro deste ano, que permitiu o cadastro dos ambulantes para atuação em grandes eventos populares ao longo do ano. À época, o secretário municipal de Política Urbana de BH, João Antônio Fleury, deu um exemplo da utilidade da lei: “para as pessoas que trabalham no entorno dos estádios comercializando bebidas”, disse.
De acordo com o presidente da Associação dos Trabalhadores Ambulantes, Adjailson Severo, a categoria recebeu ameaças dos militares, até mesmo, de acionamento de spray de pimenta para dispersão. “Desde a lei, a polícia militar é a única que continua fazendo truculência com os trabalhadores, agredindo verbalmente, xingando de rato. E isto está errado, a polícia já está infringindo a lei. Nós temos o direito de trabalhar no entorno do estádio”, afirmou.
Severo reforça que o que aconteceu no último sábado (20 de abril) não foi novo, mas tem se repetido há, pelo menos, uns cinco jogos. Segundo ele, foi solicitada uma reunião com a corporação. Se o problema não se resolver, a categoria estuda acionar o Ministério Público do Estado (MPMG). “Ameaças até com uso de spray de pimenta, isso é grave. É nosso direito e, se não resolver, podemos ir até o MP. A polícia tem que dar segurança, não truculência. Os ambulantes precisam de renda, temos idosas que dependem disso”, continuou.
A reportagem entrou em contato com a PBH sobre a vigência da lei. O espaço segue aberto.
O que diz a PMMG?
"A Polícia Militar de Minas Gerais (PMMG), por intermédio do Comando de Policiamento da Capital, informa que a fiscalização do caso apresentado na demanda compete ao Município, cabendo à instituição o apoio, quando acionada. A PMMG informa, ainda, que não houve registro de Boletim de Ocorrência relacionado ao fato e que quaisquer denúncias relativas à atuação policial militar podem ser feitas junto aos órgãos competentes".