Depois de uma inauguração, há 12 dias, marcada pela presença de celebridades, políticos de várias partes do país e uma legião de apoiadores do governador Aécio Neves, a Cidade Administrativa, nova sede do governo de Minas, no bairro Serra Verde, se transformou, ontem, em palco para uma grande manifestação de servidores. Liderados por funcionários do setor da educação, que não trabalharam ontem, 4.000 manifestantes - segundo cálculos dos sindicatos e da Polícia Militar - tomaram o gramado no entorno da sede administrativa.

O protesto foi acompanhado por 400 policiais de seis batalhões especiais da capital, segundo números oficiais, que cercaram as principais entradas dos prédios onde funcionam as secretarias estaduais e outros órgãos da administração estadual. Cavalos e cães foram usados pelos policiais. Segundo a Polícia Militar, não houve qualquer incidente entre policiais e manifestantes.

Os servidores usaram um carro de som e muitas bandeiras. Eles bloquearam, por quase uma hora, a MG-010, que margeia a Cidade Administrativa. Em frente à entrada principal da sede do governo, professores, funcionários do setor da saúde e policiais civis fizeram o enterro simbólico do governador Aécio Neves. Eles utilizaram um caixão de verdade. Um boneco representando o governador foi queimado no meio da rodovia.

Segundo estimativa do Sindicato Único dos Trabalhadores em Educação de Minas Gerais (Sind-UTE MG) a maioria dos manifestantes era do setor da educação. Eles seguiram para a Cidade Administrativa em ônibus fretados pelos sindicatos. Só do interior, calculam as entidades, 50 caravanas partiram em direção ao bairro Serra Verde. De acordo com coordenadora geral do Sind-UTE MG, Beatriz Cerqueira, os ônibus com os manifestantes saíram de todas as regiões do Estado.

A categoria, conforme Beatriz, está em campanha pela implementação em Minas da lei nº 11.738, sancionada no dia 16 de julho de 2008, que instituiu o piso salarial nacional para os profissionais do magistério público da educação básica.

"Durante toda a gestão do governador Aécio Neves não foi realizada qualquer política salarial para os professores, que recompensasse as perdas de décadas. Nosso último reajuste foi em 2007 de 5%", explicou a sindicalista.

Representantes da Central Única dos Trabalhadores de Minas Gerais (CUT-MG) também participaram do protesto de ontem. "Essa manifestação é também para mostrar à população que o governo construiu uma obra de grande magnitude, como a Cidade Administrativa, mas deixa de lado os servidores, responsáveis pela educação", disse Marco Antônio de Jesus, presidente da CUT-MG.

Motivos da manifestação
A reivindicação dos professores
Os servidores estaduais da educação lutam pela implementação da lei do Piso Salarial Profissional Nacional

O que é a lei
Sancionada em 16 de julho de 2008, a lei n° 11.738, institui o piso salarial l nacional para os profissionais do magistério público da educação básica

O piso nacional
O atual é de R$ 1.312,00 para a jornada de 24h semanais
O piso em Minas
O salário base dos professores é R$ 850,24