O caso do suposto surto de um sargento da Polícia Militar tomou o noticiário nesta quarta-feira (10 de abril). O policial, de 41 anos, estava armado quando se trancou em um motel da região Oeste de Belo Horizonte. Ele preocupou funcionários do local e amigos próximos após soltar gritos e publicar mensagens misteriosas nas redes sociais. O Batalhão de Operações Policiais Especiais (Bope) foi acionado para socorro do militar, e as negociações para resgate duraram mais de seis horas. 

Para que o sargento se rendesse, foi preciso cortar a energia do motel. O estabelecimento foi evacuado, e os policiais se posicionaram na garagem do quarto do militar para tentar articular a rendição. Por volta das 17h desta quarta-feira (10 de abril), o sargento foi retirado do motel em uma maca, com um ferimento na cabeça. Segundo o Centro de Jornalismo Policial (CJP), o estado de saúde dele é “gravíssimo”Entenda nesta matéria tudo o que se sabe sobre o caso em ordem cronológica, incluindo o mandado de prisão contra o militar. 

  • Sargento começou a se mostrar violento na segunda-feira, 8 de abril

O advogado da ex-esposa do militar, Wellington Moreira, contou, em entrevista à rádio FM O Tempo, que, na segunda-feira (8 de abril), o militar surpreendeu a mulher em sua casa e tentou enforcá-la em cima da cama. “Se aproveitando que tinha um controle do portão da garagem, arrombou a casa, agrediu e tentou enforcar a ex-esposa. Isso é tentativa de feminicídio”, descreveu Moreira. 

O advogado acredita que o policial agiu de forma planejada e mal intencionada por ter tomado cuidado, até mesmo, com a roupa que vestia no momento da agressão. “Ele entrou com camisa branca e luvas nas mãos, mas saiu de blusa preta. Até nisso ele pensou”, relatou. 

  • Medida protetiva foi quebrada, e agressão motivou mandado de prisão contra o militar 

Neste dia, o sargentou violou uma medida protetiva que a ex-esposa tinha contra ele desde dezembro do ano passado, em um processo que corre em segredo de Justiça. De acordo com o tenente-coronel Flávio Santiago, chefe do Centro de Jornalismo Policial (CJP), a agressão motivou um mandado de prisão preventiva contra o militar por violência doméstica. 

  • Um dia após violência, o sagento entrou sozinho e armado no motel em BH

A dona do motel onde o policial militar se trancou informou que o homem chegou ao local na noite dessa terça-feira (9 de abril). Segundo Cristiane Merino, ele pediu uma pernoite e não ameaçou ninguém. O sargento também não consumiu bebidas alcoólicas durante a noite, apenas água.

A empresária também contou que o policial estava armado e que, já nesta quarta (10), um colega de trabalho do militar a avisou que o amigo estava em surto, sozinho no quarto. 

  • As negociações

As equipes da Polícia Militar e do Bope foram acionadas por volta de 10h. O motel precisou ser evacuado, e a energia foi cortada para facilitar as negociações. Na garagem do quarto do motel, os policiais do Bope conversaram por cerca de seis horas com o sargento.

"Em alguns momentos, ele cedeu durante as negociações, mas, mesmo assim, estava muito irredutível. O ambiente (motel) foi esvaziado para que se evitasse mais danos. Ainda trouxemos colegas de trabalho de muito tempo, mas, infelizmente, ele se mostrou irredutível", contou o tenente-coronel Flávio Santiago. 

  • Após seis horas de negociações, militar atirou e foi resgatado

Por volta das 17h, o militar foi retirado do motel em uma maca. Ele estava coberto por uma manta térmica e com a cabeça enfaixada. A explicação foi dada pelo tenente-coronel Flavio Santiago. "Ele deu um tiro na cabeça e foi levado em situação muito crítica (para o hospital). Assim que ele atirou, as equipes entraram e atenderam”, disse Santiago.

  • Estado de saúde do sargento é "gravíssimo"

O militar foi socorrido em estado grave para o Hospital João XXIII nesta quarta-feira (10 de abril). A Polícia Militar descreveu a situação do sargento como "muito precária" e desabafou que "há uma descrença dos médicos” sobre recuperação. 

  • Militar estava em licença psicológica, e arma usada será investigada 

O sargento estava em licença psicológica após os processos envolvendo seu nome em casos de violência doméstica contra a ex-esposa. Por isso, sua arma de trabalho foi recolhida pela corporação militar, e o armamento usado dentro do motel será investigado. 

  • Amiga de sargento lamenta surto: "ele é muito família" 

Uma amiga próxima do policial militar, Cléo Lacerda compareceu na porta do motel após o sargento ser encaminhado ao hospital João XXIII. Para ela, foi como uma resposta a uma mensagem que ele havia mandado para ela antes das viaturas chegarem ao local. “Ele ficou me ligando, me ligando, mas eu não consegui sair na hora. Me enviou mensagem, e fomos conversando. Ele tem sofrido por causa da relação frustrada com a ex-esposa”, desabafou a mulher, chorando.  

Cléo Lacerda negou saber da agressão que levou a um mandado de prisão contra o sargento. Para ela, o amigo é sinônimo de família e trabalho. “Nós saímos, tomamos cerveja. Ele tem duas filhas, e enviou mensagem para elas: ‘papai ama vocês’. Ele é muito família. Nos dias de folga, trabalha como segurança. A profissão é o que ele mais ama”, disse.