Não foi um ano fácil para ninguém. Essa é uma das frases mais registradas em redes sociais em posts relacionados a balanços de 2014. E não há como divergir. Realmente não foi fácil. O desejo de todos é o de que 2015 seja muito melhor, mas muito melhor mesmo.
Momentos difíceis devem ter sua razão de ser, mesmo que nem sempre seja possível entender por que acontecem. Muitas vezes, é necessário muito tempo para que algo nebuloso seja esclarecido, ainda que parcialmente. Certamente, tempos de conflitos machucam corpo e alma. Porém, feridas cicatrizam e deixam aprendizados.
Em 2014, a política dividiu esse país. Em todos os núcleos sociais, mesmo nos menores e mais íntimos, como a família, a divisão aconteceu. Por um tempo durante a eleição, a discussão eleitoral mais parecia um jogo entre Cruzeiro e Atlético. A coisa funcionou mais ou menos assim: quem não estivesse ao lado estava, necessariamente, na posição de inimigo. A polarização, especialmente no segundo turno da eleição presidencial, impediu discussões mais profundas. Os projetos se perderam na luta do bem contra o mal. A política partidária contaminou a maioria da população, que fez questão de expressar seu posicionamento, especialmente nas redes sociais. Praticamente não houve omissão, o que é muito bom para um país que tem a democracia como um fenômeno relativamente recente.
Desse quadro, algumas lições podem ser compreendidas. A primeira delas – e também a mais evidente – é a necessidade da reforma política. Não é mais possível que o brasileiro tenha sempre que escolher entre um nome e outro. Não é mais possível que os partidos fiquem escondidos atrás de personalidades e lideranças que, quase sempre, apresentam apenas projetos pessoais.
Não é mais possível que não se tenha projetos coletivos e de médio e longo prazos. Outro ponto importante para repensar é a real necessidade do voto obrigatório. A sistemática das pesquisas eleitorais também é fato para análise. Pesquisa serve para analisar a vontade do eleitor ou para induzir um desejo eleitoral? A pergunta precisa ser respondida.
Uma outra lição é imediata. Combate à corrupção não tem sido algo que a política brasileira tem como prioridade. Separando corrupção de eleição, o país não vai mudar nunca e repetirá os mesmos erros. Honestidade e zelo com a administração pública deveriam ser pré-requisitos para candidaturas, como para tudo. Não dá mais para aceitar a máxima de que roubar é coisa de todo político. Com todas as dificuldades, 2014 está no fim. E que ele leve tudo que serviu para diminuir a vida do brasileiro. Que em 2015 política e verdade sejam mais parceiras. Que a corrupção seja mais do que um motivo para se indignar e que sirva, também, para eliminar alguns nomes das urnas.
Que em 2015 a reforma política seja mais do que um desejo ou um sonho. Que o povo possa ser mais feliz, com mais emprego, mais estabilidade econômica e menos receio do futuro. Vai logo, 2014!
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