“Vós sois todos irmãos” (Mt 23,8): eis a grande mensagem de amor trazida ao mundo por Jesus Cristo e que deve motivar nossa reflexão nesta Semana Santa. Não sem motivos, o versículo evangélico é o lema da Campanha da Fraternidade 2018, que com o tema “Fraternidade e superação da violência” convida-nos a um novo “agir”, que se traduza na transformação da realidade. Construir a fraternidade, a partir da promoção da cultura da paz, da reconciliação e da justiça, é a proposta da campanha.
Desde 1963, a Igreja Católica desenvolve anualmente no Brasil a Campanha da Fraternidade, que, a partir de temáticas específicas, traz sempre em seu escopo uma crítica social. Em 2017, por exemplo, o mote foi ecológico: “Biomas brasileiros e a defesa da vida”. Em 2016, tratou do direito ao saneamento básico, com o tema “Casa comum, nossa responsabilidade”. Agora, nos convida a percorrer o caminho de superação da violência crescente. Segundo dados do Ipea, com menos de 3% da população mundial, o Brasil concentra quase 13% de todos os assassinatos ocorridos no planeta.
Na mesma proporção, eleva-se o clamor pela paz. Os gritos vêm de todos os lados. No último sábado (24), em uma louvável iniciativa, o Colégio Santo Agostinho de Belo Horizonte promoveu uma caminhada pela paz, reunindo mais de 3.000 pessoas, sob o lema “Quando tudo for pedra, atire a primeira flor”. E a violência não é exclusividade tupiniquim. No mesmo dia, nos Estados Unidos, milhares saíram às ruas de Washington num protesto histórico pelo desarmamento liderado por estudantes que sobreviveram ao ataque que matou 17 pessoas em uma escola na Flórida.
A juventude clama por paz; e não é à toa. Está entre as principais vítimas da violência, juntamente com os pobres, os negros, as mulheres e minorias como a população LGBT. Ainda que a grande mídia a apresente de maneira episódica, como fatos individualizados, a violência tem, antes de tudo, um caráter social, político e cultural. Resulta de um modelo de sociedade injusto e excludente, que, apesar dos avanços democráticos, mantém formas diversas de negação da cidadania e de direitos.
Com essa compreensão, o governo de Minas tem trabalhado para o enfrentamento da violência. Os resultados provam que está no caminho certo. Segundo relatório divulgado na semana passada, os investimentos resultaram em significativa queda da criminalidade. Para se ter uma ideia, Minas Gerais fechou o ano de 2017 com a menor taxa de homicídios desde 2011. Em comparação com 2016, a queda do número de assassinatos foi de 6% no Estado e de 11% em Belo Horizonte, sendo que quase 70% dos municípios mineiros não registraram homicídios naquele ano. A população, sobretudo os jovens, agradece.
Que bom que nossos jovens se levantam! Quem bom termos um governo que os ouve! Afinal, como disse o escritor francês Georges Bernanos, “quando a juventude esfria, o resto do mundo bate os dentes”.