“Deu pano pra manga” a decisão do governador de Minas, Fernando Pimentel, de desativar o Palácio Tiradentes, um dos três prédios da Cidade Administrativa, sede da governadoria do Estado. Em tempos de déficit orçamentário, a transferência de 150 funcionários para os prédios Minas e Gerais vai representar uma economia direta de R$ 5 milhões anuais. O forte argumento, porém, não impediu críticas da oposição – como era de se esperar – nem de alguns profissionais da imprensa não muito imparciais.
Nunca é demais lembrar que a Cidade Administrativa, o “grande feito” do governo Aécio Neves, custou aos cofres estaduais nada menos que R$ 2 bilhões, dos quais R$ 374 milhões destinaram-se à construção do prédio Tiradentes, agora desativado. Executada por três consórcios de construtoras, Odebrecht, OAS e Queiroz Galvão, a obra foi, desde o início, alvo de denúncias e não surpreende que seja investigada pela Lava Jato, com suspeita de superfaturamento e pagamento de propinas.
A necessidade de algo grandioso que justificasse os custos exorbitantes talvez explique o projeto “megalomaníaco”, que transformou a nova sede do governo mineiro em um verdadeiro “elefante branco”. Basta ver o custo de manutenção. Em 2014, para manter cerca de 15 mil estações de trabalho, o Estado gastou mais de R$ 127 milhões.
No atual governo, mesmo com mais funcionários transferidos para a Cidade Administrativa, a despesa caiu R$ 37 milhões. Uma das medidas foi romper contratos aos quais a gestão passada havia atrelado os serviços de manutenção. Só com o remanejamento de estações de trabalho foram economizados R$ 300 mil por ano, depois que o serviço passou a ser feito por três internos do sistema prisional.
Projetado como um “palácio do imperador”, o Tiradentes requer uma manutenção à altura. É o caso da reposição de peças, todas importadas; do sistema de esgoto ao de incêndio. Já a fachada de vidro requer três fornecedores para a troca de um único quadro, ao custo de R$ 40 mil. Ainda assim – acreditem! –, os vidros das janelas esquentam com o calor do sol.
Os problemas da “cidade faraônica” são conhecidos por todos. Os servidores que o digam! Distante 15 Km do centro de Belo Horizonte, o deslocamento é precário, e quem lá trabalha é submetido a um isolamento compulsório durante o expediente. Há quem brinque, dizendo que está “cumprindo pena”. Dificuldade de acesso também enfrentada pelos cidadãos que precisam de algum serviço.
O que poucos sabem é que a Cidade Administrativa tem hoje 1.800 estações de trabalho vagas. E a perspectiva é de que a ociosidade aumente. Afinal, há uma tendência de redução da folha de pessoal, em função tanto da Lei de Responsabilidade Fiscal quanto da modernização da máquina pública.
Que destinação produtiva poderá ser dada ao nada funcional Palácio Tiradentes ainda não se sabe. Sabe-se, porém, que o governo Pimentel não persistirá no erro da gestão passada. Os cofres estaduais agradecem.