Uma empresa de análise de dados, com sede em Londres, está sendo acusada de ter usado informações pessoais de 50 milhões de usuários do Facebook para influenciar a eleição do presidente Trump e o referendo do Brexit, em 2016.
Os dados foram vendidos, sem conhecimento dos usuários, pelo Facebook, que alega ter sido enganado. Em consequência, a empresa fundada por Mark Zuckerberg sofreu uma desvalorização de quase US$ 60 bilhões em poucos dias.
Um vídeo mostrou executivos da Cambridge Analytica afirmando que já fizeram o mesmo trabalho em outros países e que estavam vindo ao Brasil para participar da eleição de outubro próximo, em acordo com uma empresa local.
Por conta disso, Zuckerberg foi convocado a depor no Congresso norte-americano e no Parlamento britânico. A União Europeia pede explicações, temendo que os dados de 500 milhões de europeus também tenham sido manipulados.
A democracia ocidental está ameaçada. As regras não importam. Os autores dessas ações consideram as eleições uma guerra em que vale tudo, menos perdê-las. No Brasil, houve contato com três possíveis candidatos a presidente.
Um dos executivos diz que os dados pessoais ajudam a segmentar a população para “passar mensagens sobre questões com as quais as pessoas se importam” e acabam se engajando. Ele confessa que usaram isso nos Estados Unidos.
A Comissão de Inteligência da Câmara dos EUA já investiga a suposta interferência da Rússia na eleição norte-americana. Tanto a vitória de Trump como a saída do Reino Unido da União Europeia constituíram uma surpresa eleitoral.
A Cambridge Analytica trabalhou tanto para Trump como para o movimento pró-Brexit. Acreditando que tem o poder de mudar as tendências eleitorais, ela foi bem-sucedida ao demonstrar capacidade de prejudicar os adversários.
Eleições sempre foram alvo de fraude. Sendo um novo instrumento, as redes sociais potencializam tanto as possibilidades de comunicação como as de manipulação. A sorte da democracia vai depender da acuidade do eleitor.
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