Por que não curtir uma angústia acompanhada de uma solidão numa tarde fria de sábado? Ou ser assaltado por uma incômoda ansiedade quando nossa vida precisa de uma reviravolta? Quem sabe ser invadido por tristeza ao escutar aquela música que nos remete ao grande amor platônico? Pois o que anda incomodando os que militam no estudo do comportamento humano é uma epidemia de indiferença que permeia as relações humanas, um certo embotamento afetivo que nos robotizam no dia a dia.
Tudo muito bem, tudo muito certo, mas realmente ainda somos regidos por emoções e sentimentos. Por isso, não é de se estranhar que um dos grandes problemas de saúde no mundo seja as disfunções ansiosas e afetivas. Regredimos a ponto de haver grave divórcio entre um sofisticado cérebro cortical, lógico, onde somos assaltados por excesso de pensamentos – infelizmente de conteúdos negativistas, aflitivos, estressantes, preocupações irrealistas e adoecedoras – e a parte hipotalâmica do cérebro, sede dos controles emocionais e administração do estresse.
Ou, se preferirem, escravos de uma “pensação” disparada, incapazes de relaxar, de ter prazeres e satisfações reais. Somos punidos por sentimentos de profunda depressão, medos e fobias, culpas patológicas, ciúmes doentios entre outras fragilidades emocionais. Ora, desde que o mundo existe, usamos o universo afetivo para dar cor e calor a nossa existência. Angustiados com as trevas, dominaram o fogo e mais tarde inventaram a luz. Então, bem-vinda a angústia que cria e inventa. Alguém com culpa, inventou regras de punição para pautar as leis que permitiram surgir a civilização.
A ansiedade permitiu avanços e um ansioso quis chegar à Índia pelo mar e descobriu as Américas e um novo mundo. O medroso temendo predadores, desenvolveu moradias, e assim a humanidade caminha. Só não se inibam afetivamente, pois é empobrecedor economizar abraços entre pais e filhos, cafuné entre casais, um ombro amigo para chorar as derrotas e frustrações ou comemorar a vitória improvável. Carinho é uma linguagem que exige o olhar, o ouvido para escutar as mágoas, o tato que acalma na massagem calorosa e o paladar de uma comida caseira feita com amor.
Sentir o perfume da amada, fazer a poesia destilada pela paixão. Seja na alegria, na tristeza, na serenidade ou na aflição, no perdão ou na mágoa, o importante é sentir, pulsar e fluir sentimentos. Tudo bem para a tela, a máquina, o eletrônico, o virtual ou o game. Mas sentimento não combina com aplicativo, nem há mundo digital que substitua. Portanto, use suas emoções! É grátis, real, e faz bem para a saúde! Mas reconheço, caminhamos para a extinção afetiva, enquanto insistirmos em não assumirmos nossas carências e continuarmos a camuflar nossas emoções.
Clique e participe do nosso canal no WhatsApp
Participe do canal de O TEMPO no WhatsApp e receba as notícias do dia direto no seu celular
O portal O Tempo, utiliza cookies para armazenar ou recolher informações no seu navegador. A informação normalmente não o identifica diretamente, mas pode dar-lhe uma experiência web mais personalizada. Uma vez que respeitamos o seu direito à privacidade, pode optar por não permitir alguns tipos de cookies. Para mais informações, revise nossa Política de Cookies.
Cookies operacionais/técnicos: São usados para tornar a navegação no site possível, são essenciais e possibilitam a oferta de funcionalidades básicas.
Eles ajudam a registrar como as pessoas usam o nosso site, para que possamos melhorá-lo no futuro. Por exemplo, eles nos dizem quais são as páginas mais populares e como as pessoas navegam pelo nosso site. Usamos cookies analíticos próprios e também do Google Analytics para coletar dados agregados sobre o uso do site.
Os cookies comportamentais e de marketing ajudam a entender seus interesses baseados em como você navega em nosso site. Esses cookies podem ser ativados tanto no nosso website quanto nas plataformas dos nossos parceiros de publicidade, como Facebook, Google e LinkedIn.
Olá leitor, o portal O Tempo utiliza cookies para otimizar e aprimorar sua navegação no site. Todos os cookies, exceto os estritamente necessários, necessitam de seu consentimento para serem executados. Para saber mais acesse a nossa Política de Privacidade.