Do governo golpista de Temer só há mesmo o que temer. Jamais nos esqueçamos: ele e os dele foram empossados para fazer serviço sujo. Qualquer ensaio do Planalto que visar a ganho de popularidade será demagogia ou esquizofrenia.
Os grupos da sociedade brasileira que financiaram o golpe são os mais bem estabelecidos, o nosso status quo hereditário. Essa elite foi quem se acercou, apoiou e alavancou a candidatura de Aécio em 2014, maciçamente no segundo turno. A “mágica” do lulismo de acelerar a ascensão social dos mais pobres sem comprometer a estabilidade (e até com a adesão) dos mais ricos esgotara-se e, abracadabra, estes últimos patrocinaram um projeto mais certeiro para a Presidência.
Não deu: frustrando e contrariando, Dilma Rousseff foi reeleita. Estava lançada a pedra fundamental para o golpe “soft” institucionalizado. O controle das instituições deste país está nas mãos de que grupos?
Em cem dias no cargo, Temer e equipe, por ações, omissões e declarações, já disseram claramente para que estão lá. Óbvio, estão lá para trabalhar pelo interesse de quem possibilitou que lá chegassem. E isso na interinidade, hein? O que não há de sair daquelas mentes e canetas quando efetivamente, ao fim do mês, se apossarem do poder central?
Um governo de homens ricos e brancos em favor de homens ricos e brancos. Sendo a nata social brasileira, tal grupo não constitui maioria e, portanto, jamais poderia empreender suas diletas políticas restritivas com o aval da escolha popular, do voto. Pôr em curso um projeto de poder impopular requer vias heterodoxas, como se dá.
Sendo o que é por sua natureza elitista e por seu berço antidemocrático, não há por que esperar do governo qualquer medida popular. Serão dois anos e três meses (se tanto durar) para implementar restrições de direitos, revisões legislativas, estrangulamento de políticas sociais, além de sucateamento e dissolução do patrimônio estatal. Inúmeras agruras serão praticadas e amparadas no mesmo discurso da ausência de alternativa imposta pela herança maldita do PT.
No médio prazo, com vista a garantir a hegemonia dos interesses dos mercados produtivo e rentista – muitas das vezes em detrimento dos interesses da população menos privilegiada, e este é um “trade-off” extremamente comum nos países capitalistas em desenvolvimento –, o que teremos será, em termos agregados, a restituição aos estratos mais ricos da renda acrescida nos últimos anos às camadas mais pobres. E esse processo já teve início espontâneo com o presente quadro de recessão.
Como será um mandato curto, grosso e com guinada liberalizante, viveremos, possivelmente, um “revival” da convulsão social de meados dos anos 90: “Fora, FHC e o FMI!”. A considerar os impactos dessa conjunção pessimista na vida das famílias, qual será a viabilidade eleitoral dos principais partidos golpistas para 2018? PMDB e PSDB sepultam suas aspirações de abrangência nacional ao capitanearem esse retrocesso institucional que ora vivenciamos em suas diversas facetas.
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