“Bad news, good news”. É o que aprendemos na faculdade e na prática jornalística. Papel de jornalista é mesmo apontar o que está errado, criticar e atuar com altivez em defesa do interesse coletivo contra os desmandos do poder. Nestes dias, essa missão se pinta extremamente útil para o nosso país. Útil, mas delicada.
A nobre arte de reportar o desalinho público e amplificá-lo tem que se sobrepor à confortável pantomima de arauto das desgraças, à prática da rapinagem. E não se trata aqui de jornalismo policial. Para o ideal de sociedade e de condução política, cada um tem sua própria régua. O jornalismo reflete isso, por meio das preferências dos veículos, mas, ainda hoje, a forma mais indicada de se fazer política concreta no nosso país é como cidadão ilibado que se filia a um partido e disputa um cargo eletivo nas urnas.
Pois bem, hoje, no jornal, no rádio, na televisão, na internet, é só uma onda maciça de más notícias. Sem razão? Não mesmo. A crise existe e é uma hidra de sete cabeças, cada uma mais hedionda e de uma espécie distinta. Logo, motivos jornalísticos para noticiar a ruindade há de sobra, e ela deve ser noticiada. Entretanto, devemos ter a consciência da nossa responsabilidade na construção daquilo que, nas estranjas, é chamado de “national mood”. No nosso caso presente, “the mood is blue, deep blue”. Cada má notícia de abrangência nacional que pautamos, apuramos, redigimos, editamos e publicamos é um tijolinho a mais nessa muralha de profundo azul melancólico.
O que fazer? Jornalismo não existe para falar de coisa boa. Vá lá, mas precisamos ir além da última página ou da subida da ficha técnica, senão como jornalistas, como cidadãos.
O que constatamos no Brasil hoje é uma espécie de câncer, que, de fato, entristece, dói e traumatiza. Acontece que, diferentemente de qualquer tumor, por mais agressivo que seja, que acometa um ser humano, nosso país sobreviverá à doença: ele é mais antigo, mais forte e maior do que qualquer mal. O Brasil é maior do que a Petrobras, maior do que o Clube das Empreiteiras Unidas (CEU), maior do que o PT, a Dilma ou o Aécio. Todos eles passarão, e o país, passarinho.
Câncer existe mesmo é para purgar a alma dos pecados cometidos. E, se ele é incapaz de matar o paciente, vai fortalecê-lo. Não há razão para não crer que teremos, depois da tempestade, instituições mais sólidas, regras mais transparentes, cidadãos mais bem esclarecidos e, sim, empresários e homens públicos ao menos mais cautelosos.
Daremos um passo à frente no caminho da boa vocação confiada a nossa nação, um passo evolutivo, como deve ser, sem saltos. Saltos revolucionários não existem. Só há golpes, assim como impeachment sem dolo é golpe.
Trabalha e confia, como nos lembra a bandeira capixaba. O melhor virá amanhã? No ano que vem? Na próxima eleição? Quem pode ter certeza do quando? A certeza é que virá, a cada dia, como resultado do nosso trabalho coletivo erigido sobre essa convicção otimista, apesar da corrupção, do “blue mood” e da avalanche de más notícias de hoje.
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