Aprecio ler os artigos da jornalista Miriam Leitão, uma das nossas melhores especialistas em matéria econômica. Inteligente e atualizada, faz comentários diariamente em “O Globo”, como este que fechou um dos seus artigos da semana passada, que ousei tomar-lhe emprestado.
A frase é boa porque controvertida. Será que a nossa nação faz jus a todo este espetáculo nojento que a está sufocando, tanto no plano moral como no terreno fértil da sua prosperidade e da felicidade do seu povo?
Sim e não. Muita coisa fizemos desde o ano do Descobrimento e mais ainda deixamos de fazer, destruindo mesmo alicerces e estruturas que muito nos custaram. Se essa foi a nossa glória no curso de séculos, foi também a nossa desgraça. Se houve homens e heróis anônimos que lutaram pelo crescimento da pátria, houve, também, os que forjaram os ferros que nos aguilhoaram para reprimir os passos da prosperidade pela qual tanto lutamos.
Porém, vencemos a maior parte das vezes. Frequentemente, apraz-nos comparar e discutir o sucesso da grande nação norte-americana com o progresso modesto da nossa. Por que assim foi se mais ou menos um século separou o início da colonização brasileira da norte-americana? Muitos motivos podem ser utilizados nas rotas inóspitas da história. Esquecemos sempre, porém, ou não o sabemos sequer, que nunca percorremos caminhos semelhantes à busca dos nossos destinos.
Com efeito, quando os “pilgrims” aportaram nas terras generosas da Nova Inglaterra, não os movia somente o sofrimento da tirania do colonizador, o desejo de apenas tirar e levar embora, de explorar sem nada deixar. Ao contrário, movia-lhes profunda devoção religiosa, que lhes guiava mentes, inteligências e corações para um novo lar, onde, louvando o Senhor, iriam estabelecer uma nova pátria. Navegavam por um longo mar sem jamais conhecê-lo. Não temiam ondas que lhes batiam violentamente as embarcações. Não tinham medo do desconhecido, da escuridão e dos raios das noites tempestuosas. Fundar um novo mundo, sob as bênçãos de Deus, onde procriariam suas famílias, cresceriam e multiplicariam seus descendentes, cultivariam a liberdade do seu povo e, sobretudo, haveriam de fazer resplandecer o direito de serem felizes, honrando ao seu Deus.
E agora, Brasil? Depois da tanto esforço, de tanto sacrifício, de tanta luta, irresponsavelmente, um denso enxame cobre o país. Já se fala, José, de uma expressão de dominância fiscal, como aconteceu no passado. Tem razão, você, Míriam Leitão. Erraram profundamente, quem sabe de propósito, para que fins, não sei.
“O Brasil não merecia estar passando por estas crises”. A inflação sobe, não mais se aumenta a taxa de juros: péssimo sinal. E agora, José? Não dispensa o Joaquim? E o lulopetismo, a atazanar? Cabe, como uma luva, a belíssima reflexão do grande Drummond, e a pergunta fatal: Que farão de nós? Que faremos nós? Mas tudo acabou, e tudo fugiu, e tudo mofou, e agora, José? Para que confins iremos? É mesmo o império da dominância fiscal?
Infelizmente, e para não ser ainda mais pessimista, talvez haja uma resposta contida na pergunta fatal: crise, crise, crise, e o lulopetismo a dançar freneticamente. Ah! Brasil, Argentina também. Que vale o consolo? Ponha-se, então, o Mercosul inteiro. Quem sabe teremos paz... Quando? Em que remota geração? José (Drummond), já nos socorreste tanto com a sua superior poesia. Valha-nos agora. Muito pouca gente tem consciência do que está a caminho. Pior: dentre os que sabem, ainda tem de descontar os que não acreditam. Ah, meu Deus, não nos abandone.
O Brasil não merecia estar passando por esta crise
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