Talvez nunca o resultado geral de um Oscar tenha me agradado tanto quanto o deste ano. Sempre tão previsível, o fato de o prêmio ter tido algumas surpresas já é digno de nota. Mas gostei principalmente porque, em alguns casos, o que foi premiado ali vai além do cinema. Ver a principal estatueta da noite ir para “Spotlight”, um filme que fala sobre pedofilia na Igreja e sobre a importância do jornalismo investigativo – numa época em que a imprensa está mergulhada na maior crise da sua história – , é motivo de grande celebração.
O mexicano Alejandro Iñárritu levar o Oscar de melhor diretor (“O Regresso”), pela segunda vez consecutiva, é um tapa na cara de certo candidato às eleições norte-americanas que faz campanha contra os imigrantes.
E ainda teve Leonardo DiCaprio desencantando, assim como Ennio Morricone, que, depois de compor inúmeras trilhas sonoras, chorou ao receber a estatueta por seu trabalho em “Os Oito Odiados”, de Quentin Tarantino.
E como não achar justíssimo o Oscar de roteiro adaptado para o bem-sacado “A Grande Aposta”? E a estatueta de melhor atriz poderia ir para outras mãos que não fossem as de Brie Larson e sua acachapante interpretação no comovente “O Quarto de Jack”?
A cerimônia deste ano teve até aquele momento em que minha torcida contra deu certo. No caso, o prêmio de melhor ator coadjuvante. Comemorei o fato de Mark Rylance (“Ponte dos Espiões) ter tirado a estatueta das mãos do favoritíssimo Sylvester Stallone (“Creed”) – desculpem, sou da época em que o intérprete de Rocky não era considerado ator.
Mas o melhor mesmo foi ver Chris Rock colocando o dedo na ferida da falta de diversidade nos indicados deste ano ao prêmio. O ponto alto do seu discurso foi ter lembrado que, ao longo de sua história, a Academia sempre foi racista, e o fato de nunca terem protestado em épocas anteriores, como nos anos 50 e 60, é porque estavam “ocupados demais sendo estuprados e linchados para se importar com quem venceu melhor direção de fotografia”. “Quando sua avó está enforcada em uma árvore, é realmente difícil pensar em quem venceu o melhor curta-metragem de documentário estrangeiro”, disse Rock, referindo-se a um dos mais vergonhosos capítulos da história norte-americana: a Ku Klux Klan. A plateia, como se sabe, era majoritariamente branca. Isso já valeu a cerimônia.
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