A ausência de posicionamento do secretário de Cultura e Turismo do governo Romeu Zema (Novo), Leônidas Oliveira, teria incomodado a Federação das Indústrias de Minas Gerais (Fiemg) durante o imbróglio da cessão da Sala Minas Gerais ao Sesi Minas. O desgaste político do acordo levou a Fiemg a rescindir o contrato na última terça-feira (16/4), dez dias após o anúncio.
Interlocutores da Fiemg avaliam ao Aparte que, em razão da má repercussão, Leônidas deveria ter ido a público para defender o acordo celebrado entre a Companhia de Desenvolvimento de Minas Gerais (Codemge) e o Sesi. Segundo eles, desde o último dia 5, quando foi feito o anúncio da cessão da Sala Minas Gerais por cinco anos, Leônidas teria desaparecido. “A interlocução (da Fiemg) passou a ser com o (presidente da Codemge) Thiago (Toscano), o vice-governador e o governador”, diz um interlocutor.
Convidado, Leônidas, por exemplo, não foi à audiência pública realizada na terça-feira pela Comissão de Cultura da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG). Ele foi representado pela subsecretária de Cultura, Nathalia Larsen, que assumiu o cargo há cerca de 45 dias, em 1° de março deste ano. Entre segunda e a última quarta (17/4), o secretário de Cultura e Turismo estava em São Paulo, onde participou da feira WTM Latin America. De acordo com interlocutores, os presidentes da Fiemg, Flávio Roscoe, e da Codemge, Thiago Toscano, teriam apanhado sozinhos da opinião pública.
A postura teria irritado a Fiemg porque Leônidas foi quem ofereceu a Sala Minas Gerais à instituição. À época, o secretário de Cultura e Turismo teria dito que a Filarmônica gostaria de encerrar o contrato de permissão de uso então em vigor e, por isso, a sala ficaria ociosa. Já após a celebração do acordo entre a Codemge e o Sesi Minas, a Filarmônica veio a público para afirmar que “nunca houve a intenção de entregar a Sala Minas Gerais a qualquer outro gestor”. “De acordo com o que já foi comunicado, a Filarmônica tem garantido, pelo contrato de gestão, o controle da sala até dezembro de 2024”, defendeu.
A postura de Leônidas foi alvo de críticas até do líder do bloco do governo Zema, Cássio Soares (PSD). “Ainda que a Secretaria de Cultura esteja representada, sinto a falta da presença do secretário Leônidas. Sinto a falta daquele que deveria estar aqui ouvindo e tratando sobre como se dará a evolução (da Sala Minas Gerais), o progresso, se existem falhas no contrato, como podemos melhorar etc. Não simplesmente na calada da noite ser feito um contrato desse - e eu peço licença aos signatários - sem o envolvimento da sociedade, da ALMG e de grande parte do governo do Estado”, apontou o deputado.
Procurados, Leônidas e a Secretaria de Cultura e Turismo não retornaram os contatos feitos até a publicação desta reportagem. Tão logo se manifestem, o posicionamento será acrescentado. A Fiemg, por sua vez, informou apenas que, “em razão da rescisão do acordo de cooperação técnica para a gestão compartilhada da Sala Minas Gerais e do Espaço Mineiraria, não vai mais se pronunciar sobre o caso”. Já a Codemge afirmou que trabalha em conjunto com a Secult desde o início do processo.