O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), deu um prazo de cinco dias para que a Procuradoria-Geral da República (PGR) se manifeste sobre as explicações dadas por Jair Bolsonaro (PL) em relação à sua estadia de dois na Embaixada da Hungria, em Brasília. Após esse parecer, o ministro vai analisar novamente o caso.
A defesa do ex-presidente protocolou eletronicamente na tarde desta quarta-feira (27), no Supremo, as explicações sobre a permanência da política no local de representação estrangeira. O questionamento foi feito na última segunda-feira (25) pelo ministro Alexandre de Moraes, que deu um prazo de 48 horas para que ele se justificasse.
Os advogados de Jair Bolsonaro mantiveram a justificativa de que a estadia na embaixada, que fica a cerca de 15 minutos de onde ele mora em Brasília, foi para dialogar com autoridades húngaras a convite delas mesmas. A defesa rechaçou a versão de que o ex-presidente temia ser preso, e por isso buscava asilo político na representação diplomática da Hungria.
Na resposta dada a Moraes, esse receio não existiria, já que quatro dias antes foram decretados mandados de prisão e ele não estaria entre os detidos. Também foi usado como justificativa para negar o pedido de asilo político o fato de Bolsonaro ter pedido autorização ao STF para deixar o país.
A primeira foi em dezembro, quando ele ainda estava com o passaporte e participou da posse do presidente da Argentina, Javier Milei. A outra, mais recentemente, já sem o documento, foi para ingressar a delegação brasileira em viagem a Israel a convite do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu.
A visita - que se transformou em uma estadia de dois dias, de 12 a 14 de fevereiro deste ano, durante o feriado de Carnaval - foi revelada pelo The News York Times. O jornal norte-americano divulgou em seu portal imagens de vídeo e fotos indicando que Bolsonaro entrou na embaixada em 12 de fevereiro – mesmo dia em fez a convocação para o ato na Paulista – e só saiu de lá dois dias depois.
Foram publicadas ainda fotos de satélite mostrando que o veículo usado pelo ex-presidente ficou estacionado na embaixada. De acordo com a reportagem, Bolsonaro buscava exílio político após ter seu passaporte apreendido quatro dias antes pela Polícia Federal (PF) durante uma operação que investiga um suposto plano golpista para depor o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e mantê-lo no poder.
A publicação lembra também que, em 8 de janeiro, após a Polícia Federal desencadear a operação que mirava Bolsonaro, generais e ex-ministros por causa da suposta trama golpista, o primeiro-ministro da Hungria, Viktor Orban, postou em rede social uma mensagem de encorajamento para Bolsonaro, chamando-o de “um patriota honesto” e dizendo-lhe para “continuar lutando”.