SÍNDROME DE IRLEN
Justiça garante tratamento
Adolescente não aprendia a ler e a escrever por causa de doença que "embaralha letras"; prefeitura pagou óculos especiais
A estudante Beatriz Rittielle Nunes, de 15 anos, terá a oportunidade de desenvolver suas habilidades de leitura e escrita graças a uma decisão da Justiça. Depois da intervenção do Ministério Público Estadual (MPE), a Secretaria Municipal de Saúde de Belo Horizonte foi obrigada a comprar para a garota óculos especiais para o tratamento da Síndrome de Irlen. A doença afeta 15% das crianças de todo o mundo e causa dificuldades de leitura. No caso de Beatriz, ela não conseguia aprender a ler e a escrever.
Os óculos são produzidos por uma empresa na Califórnia, nos Estados Unidos, e custam cerca de R$ 2.000. Sem condições financeiras para arcar com o pagamento, a família do bairro Jardim América, na região Oeste da capital, comemorou a decisão da Justiça. "Antes, toda vez que eu lia, as palavras sumiam, dançavam e tremiam no papel. Os meus olhos ardiam muito, eu tinha dor de cabeça e sentia tonteira. Aí deixava o livro de lado. Agora, tenho certeza que vou conseguir estudar muito e realizar todos os meus sonhos", disse Beatriz.
A conquista da adolescente foi fruto da luta incansável da mãe dela, a dona de casa Creusa Maria Nunes, de 48 anos. Ela descobriu que a filha tinha uma leve deficiência cognitiva quando ela completou 8 anos. Então, matriculou a menina em uma escola pública para crianças especiais. Mas os professores começaram a questionar os motivos de a estudante não apresentar nenhuma evolução na leitura. Além disso, Creuza conta que a filha era vítima constante de bullying por parte dos colegas, que a criticavam por não ter o mesmo desempenho escolar que eles.
"Um dia, no auge da angústia, perguntei a ela se ela não se esforçava para ler. Aí, ela me contou o que sentia e relatei aos professores, que fizeram um teste com transparências coloridas e descobriram que ela poderia ter a síndrome", contou a mãe.
Encaminhada a um hospital especializado, a adolescente foi submetida por três dias a uma bateria de exames multidisciplinares que comprovaram a doença. Foi aí que começou a luta da mãe para conseguir comprar os óculos. Durante um ano, ela pediu ajuda para conseguir juntar o dinheiro, sem sucesso. Até que resolveu recorrer ao Ministério Público Estadual.
"Os óculos foram entregues no dia 5. A autoestima da minha filha foi voltando. Agora, já expliquei para a Beatriz todos os cuidados que são necessários com os óculos, que não podem ser molhados, não podem cair. Só temos que agradecer à Justiça e à Deus por tudo o que conquistamos", afirmou.
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