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Livro considera positiva a "arte" de deixar tarefas para depois
Filósofo explica em sua obra quepessoas com a característica raramente estão à toa
Nova York, EUA. Os "enrolões" assumidos já podem sentir menos culpa por deixar tudo para depois. Pesquisadores norte-americanos identificaram o fenômeno da "procrastinação positiva" - ou "procrastinação estruturada" como mostra o filósofo John Perry, autor do livro sobre o tema, "The Art of Procrastination" (A Arte da Procrastinação, em tradução livre).
Perry era um típico procrastinador - pessoa que posterga o início das tarefas. Ele detestava a característica, mas percebeu que não era inteiramente preguiçoso. Enquanto adiava o preenchimento de uma ficha de inscrição, o filósofo notou que não ficava simplesmente sentado à toa. Ele apontava lápis ou cuidava das plantas, ou jogava pingue-pongue com os alunos.
Assim, Perry percebeu que "os procrastinadores raramente fazem absolutamente nada". Então, a chave para a produtividade é se comprometer com mais coisas, mas ser metódico.
No topo da lista de tarefas, deve-se colocar cerca de duas pendências desafiadoras - ou até impossíveis -, que soam vagamente importantes, mas não são, e parecem ter prazo, mas, na verdade, não têm. Nos últimos lugares da lista, deve-se incluir algumas tarefas realizáveis, que realmente têm importância.
"Resolver esses problemas menores se torna uma forma de não fazer as coisas no topo da lista. Com esse tipo de estrutura, o procrastinador se torna um cidadão útil. Ele pode até adquirir - como eu - uma reputação de quem faz muitas coisas", revela Perry. "O segredo da minha energia e eficiência incríveis para fazer as coisas é muito simples. O princípio fisiológico é: qualquer pessoa pode fazer qualquer quantidade de trabalho, desde que não seja o trabalho que ele deve fazer naquele determinado momento", revela o filósofo em seu livro.
Alerta. O próprio Perry admite que sua estratégia pode ser uma armadilha. "A procrastinação estruturada é um pouco de enganação, como adiantar os ponteiros do relógio cinco minutos. Você sabe que o fez, mas finge que não", conta. Ele nota que, por sorte, os procrastinadores podem ser muito bons em autoenganação. "Não é todo mundo que consegue fazer isso. Funciona melhor para quem se sente culpado por sua procrastinação e precisa amenizá-la", analisa.
Em último caso, a técnica pode ser usada para que a pessoa pare de se sentir tão mal sobre o problema.
Essa é, certamente, uma estratégia melhor que a máxima "não deixar para amanhã o que você pode fazer hoje". Por essa lógica, o procrastinados nunca irá parar de trabalhar, pois sempre há algo para fazer hoje. Melhor seria seguir a versão editada de Perry: nunca faça hoje qualquer tarefa que possa desaparecer até amanhã.
Traduzido por Raquel Sodré
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