RIVALIDADE
Nelson Piquet diz que Senna 'sempre foi sujo' nas pistas
Piloto tricampeão da Fórmula 1 foi um dos convidados de honra do 30º Grande Prêmio da Hungria
Primeiro vencedor o Grande Prêmio da Hungria, que completou 30 anos no último domingo, Nelson Piquet relembrou a prova de 1986, que ficou famosa devido a sua ultrapassagem espetacular em outro brasileiro: Ayrton Senna, que na época corria pela Lotus.
Convidado de honra do GP do último fim de semana, Piquet falou sobre aquela ultrapassagem em Senna para os jornalistas que acompanhavam a prova em Hungaroring, que teve Sebastian Vettel da Ferrari como o vencedor.
"Senna era um piloto horrível, era fácil ultrapassá-lo”, brincou inicialmente.
Tudo aconteceu no GP húngaro de 1986. O piloto da Williams vinha tentando ganhar a liderança, que era de Senna, mas era impedido pelo piloto da Lotus. Após muito tentar, Piquet aproveitou a brecha do rival e o cortou pela esquerda, tomando a ponta e conquistando a vitória.
No fim, Senna ficou em segundo, enquanto o inglês Nigel Mansell, também da Williams, terminou em terceiro.
Questionado sobre aquele momento, Nelson fez questão de explicar como se sentiu após a ultrapassagem no rival.
“Você viu toda a ultrapassagem? Você viu as duas voltas anteriores? Olhando com calma, na primeira vez eu tento por dentro, e ele me empurra para o lado sujo da pista. E na segunda vez ele tenta fazer o mesmo. Mas ao invés de ir para a direita, eu coloco de lado pela esquerda e ele não esperava isso”, disse ao "Uol Esportes".
A cena clássica resume um pouco da rivalidade entre os dois brasileiros, que a partir dali ficou mais intensa. Após o fim da prova, Piquet teria mostrado o dedo médio para Senna, em uma tentativa de mostrar toda a sua fúria por ter sido segurado.
Ao lembrar o fato, Piquet afirmou que sempre considerou Ayrton um piloto "sujo" na carreira e por isso mostrou o dedo médio ao fim do GP da Hungria, de 1986.
“Ele sempre foi muito sujo na sua carreira. Ganhou o campeonato de F-3 porque ele bateu no Martin Brundle, em Brands Hatch, na última corrida, acabou com o carro em cima. Fez o mesmo com Prost em 90 para ganhar o campeonato. Eu não concordo com isso. No automobilismo, você precisa ser limpo. Quer ser campeão? Tudo bem. Mas precisa ser limpo. Ele não era limpo na pista. Foi por isso que mostrei o dedo do meio para ele”, concluiu.
Veja a clássica ultrapassagem de Piquet em Senna, no GP da Hungria de 1986:
Rivalidade com Mansell- Os tempos de Williams também não foram fáceis para Nelson Piquet, que teve que enfrentar a preferência da equipe pelo inglês Nigel Mansell.
“Era uma equipe inglesa e muita gente ali queria ver um piloto inglês campeão. Eu era um piloto experiente, entrei na Williams e fiz todo o desenvolvimento do carro e também do motor, com o conhecimento que eu trouxe da BMW. No final, assinei um contrato de primeiro piloto. Mas aí Frank Williams teve o acidente, quebrou a espinha e estava no hospital. O problema dele era muito maior que o meu”, recordou.
Os conflitos entre Nelson e Mansell iniciaram justamente em 1986 e culminaram no grupo rachado e em brigas constantes. Piquet disse que decidiu tumultuar os bastidores da equipe, já que não aceitava ser menosprezado pelo time de Frank Williams.
“Perdemos o campeonato em 1986 por causa disso e poderia ter acontecido o mesmo em 87. Mas eu tinha só um probleminha comparado com o do Frank. O que eu fiz foi criar um ambiente turbulento dentro dos boxes, para não sentar na mesma mesa que Nigel. O que foi difícil, pois eu tinha de ganhar meus mecânicos e meus engenheiros para o meu lado. Foi um campeonato mais político do que técnico. Por isso que eu deixei a Williams no final do ano. Acabou sendo um grande erro, mas o clima lá era muito ruim”, concluiu.
No ano seguinte (1987), Piquet conquistaria seu terceiro e último campeonato na Fórmula 1.
Confira a análise do Grande Prêmio da Hungria, vencido por Sebastian Vettel, da Ferrari:
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