Nissan divulgou nesta terça-feira (13) um plano drástico para enfrentar uma das maiores crises de sua história. Sob comando do novo CEO Ivan Espinosa, a estratégia "Re:Nissan" prevê corte de 20 mil empregos globais (15% da força de trabalho) e fechamento de 7 fábricas até 2027.

A turbulência começou em 2018 com a prisão do brasileiro Carlos Ghosn, ex-presidente da marca acusado de fraude. O episódio abalou a aliança com a Renault, derrubou vendas na Europa e EUA, e levou a prejuízo líquido acumulado de € 4 bilhões (cerca de R$ 25 bilhões), em 2024.

Impacto global

Apesar do cenário global, a Nissan mantém investimentos de R$ 2,8 bi no Brasil até 2025. A fábrica de Resende (RJ) iniciou produção da nova geração do Nissan Kicks, em abril, e prepara lançamento de um novo SUV inédito até 2026, feito sob a plataforma do Kicks Play, o atual chassi do SUV.

Boa parte do plano afeta diretamente os EUA. Devido às incertezas sobre as tarifas impostas por Donald Trump, a Nissan irá reduzir a produção em 25% no país com cortes nas plantas no Tennessee e no Mississippi. A planta da montadora no México também sofrerá reestruturação, mas não foi detalhada.

Na Ásia, a fábrica em Jiangsu (na China) será fechada devido à guerra de preços dos carros elétricos. Além disso, o projeto de fabricação de baterias, em Kitakyushu (no Japão) foi cancelado pela montadora.

Na Europa, a Espanha já perdeu 3 mil empregos com o fechamento da planta da Nissan, em Barcelona, em 2020.

Menos volume, mais lucro

Durante a divulgação do balanço fiscal de 2024, o CEO da Nissan, Ivan Espinosa, destacou a mudança de foco da empresa: "Menos volume, mais lucro". A meta é simplificar componentes em 70% e elevar a margem operacional, hoje em apenas 0,6%.

A parceira histórica francesa também sentirá o impacto: prejuízos intermediários podem chegar a € 2,2 bilhões. A aliança, que completa 24 anos em 2024, entra em novo teste de resistência.

A montadora não prevê dividendos até o fim de 2025 e evita projeções diante de novos "tarifaços" comerciais dos EUA. O plano "The Arc" tenta equilibrar medidas emergenciais (2024-2026) com a visão de eletrificação para 2030.