A presença do "cabelinho" no pneu novo é um sinal de qualidade? Muita gente acha que sim, mas a ciência e a Dunlop mostram que não. Na verdade, sua remoção faz bem ao seu carro e ao planeta. Entenda por quê.

O que são esses "pelinhos" nos pneus?

Eles aparecem durante a fabricação. Quando o pneu "verde" (cru) é prensado no molde quente, borracha líquida entra em microfurinhos. Esses furinhos permitem que o ar escape. O resultado? Pequenos filamentos que endurecem – os famosos "cabelinhos".

São um subproduto natural, não um selo de garantia. Pensar que eles indicam um pneu "virgem" é um mito perigoso.

Por que removê-los? 3 boas razões

A fabricante de pneus Dunlop remove todos os "cabelinhos" dos pneus desde 2013. E tem motivos sólidos para fazer isso:

1. Testes de qualidade mais precisos

Segundo a Dunlop, os "cabelinhos" atrapalham sensores nos testes finais. Eles medem força radial, lateral e balanceamento. Filamentos irregulares distorcem resultados. Removê-los garante controle rigoroso.

2. Menos barulho no asfalto

Imagine centenas de mini-hastes batendo no chão. É o que acontece! Em pistas lisas, os cabelinhos geram ruído e vibração. Sua remoção traz silêncio desde a primeira volta.

3. Proteção aos rios e lagos

Esse é o impacto invisível. Com o uso, os filamentos soltam-se e viram micropartículas. A chuva as leva para bueiros, rios e lagos.

"Para um único pneu, a quantidade liberada pode parecer insignificante", explica Alex Rodrigues, gerente de processos da Dunlop.

"Mas quando consideramos os milhões de pneus em circulação no Brasil, essas micropartículas representam uma fonte significativa de micropoluição que pode afetar a vida aquática", conclui Rodrigues.

Lixo que vira recurso

Os "cabelinhos" dos pneus novos removidos pela Dunlop não vão para lixões. A empresa os transforma em matéria-prima útil tais como: pisos (industriais, residenciais), gramados sintéticos e na produção de asfalto de alta resistência.

Eliminar os "cabelinhos" reflete o cuidado da Dunlop. É um detalhe que muitos motoristas nem percebem, mas faz diferença. "Fabricar um bom pneu vai além da borracha", conclui Rodrigues.