Em meio à tensão com o possível "tarifaço" dos EUA sobre exportações brasileiras, as montadoras reagiram com força ao pleito da BYD para redução de impostos sobre peças importadas.
Nesta segunda-feira (28), a Anfavea anunciou que as fabricantes reavaliarão investimentos de R$ 120 bilhões prometidos após o Programa Mover.
Mudança de postura
Igor Calvet, presidente da Anfavea, foi direto no LinkedIn: "O Brasil não pode trocar a industrialização pela ilusão da montagem".
Calvet destaca a coluna publicada pela Anfavea no jornal "Estadão", e alertou que cortes nas tarifas de kits de veículos semidesmontados (SKD) ou desmontados (CKD), como defendido pela BYD, colocam em risco R$ 180 bilhões em aportes anunciados pelas grandes montadora no país, até 2030.
"Isso compromete empregos, inovação e soberania produtiva", afirmou Calvet.
A crítica ecoa o temor de que benefícios à BYD, que opera na antiga fábrica da Ford na Bahia, minem décadas de política industrial no Brasil.
Pressa na decisão acende alerta
A mudança de posição ocorre porque o pedido da BYD pode ser votado nesta quarta-feira (30) pelo comitê gestor da Câmara de Comércio Exterior (Camex).
Fontes do setor revelam temor de que a Casa Civil force a redução das atuais alíquotas (de 18% a 20%) para 5% a 10%. Ministérios como Indústria e Planejamento já manifestaram oposição à mudança.
GM se junta ao coro
Além de Calvet, o presidente da General Motors para América do Sul, Santiago Chamorro, se juntou ao coro da Anfavea no LinkedIn nesta segunda-feira (28), e publicou a carta enviada a Lula pelas grandes montadoras, em 15 de julho.
O documento ressalta que o setor automotivo representa 2,5% do PIB nacional, gera 1,3 milhão de empregos e movimenta US$ 74,7 bilhões/ano.
"Políticas que incentivam importações em detrimento da produção local ameaçam toda a cadeia", enfatizou Chamorro.