Nasce um gigante

Fiat Chrysler e Peugeot: Quarto maior grupo automotivo do mundo surge com fusão

Stellantis tem capacidade instalada para produção de 8 milhões de unidades por ano


Publicado em 19 de janeiro de 2021 | 17:40
 
 
 
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O ano era 2007, o país, a Itália e a cidade, Turim, naquela ocasião um pequeno grupo de jornalistas brasileiros atravessou o Atlântico para participar de um dos mais momentos mais emblemáticos da então FIAT SpA, o renascimento, cinquenta anos depois, do lendário citadino Fiat 500. Da extensa programação fez parte um desfile pela cidade dos antigos modelos, que rodando chegaram até à sede mundial da montadora italiana fazer parte da festa. Logo em seguida uma entrevista coletiva que foi protagonizada não por um herdeiro da família Agnelli, fundadora da FIAT e sim por um executivo ítalo-canadense, que estava reescrevendo e história do fabricante, nos referimos a Sergio Marchionne. Falecido em precocemente em julho de 2018, o executivo deixou como legado uma gestão que revolucionou a operação em todos os mercados onde a marca atuava. Presente naquela oportunidade me recordo de uma pergunta respondida por Marchionne que tinha como questionamento o futuro da indústria mundial de automóveis. De bate pronto respondeu que não tinha como prever o que poderia acontecer nos próximos anos, mas tinha uma certeza: “Nenhum fabricante irá sobreviver aos próximos dez anos se não contabilizar anualmente uma produção de no mínimo 5 milhões de unidades”.  

No alvo

Se não foi possível antecipar os acontecimentos, Marchionne sinalizou ali que sucumbiria quem não estive aberto às parcerias ou fusões e alguns anos mais tarde mudou de vez o rumo da gestão da FIAT ao assumir a operação JEEP, com suas marcas e criar a hoje FCA. Só não aumentou a força comercial do grupo como agregou valor a toda cadeia, com novos investimentos que resultaram em produtos desejados pelo consumidor. Uma tacada de mestre, com certeza. Se vivo estivesse deveria estar celebrando o anúncio oficializando o nascimento de um gigante do setor, a Stellantis, a união dos grupos FCA e PSA, esta última com duas marcas principais embaixo de seu guarda-chuva, a Peugeot e a Citroen. A fusão permitira um produção mundial conjunta de cerca de 8 milhões de unidades por ano, o que proporcionara ganho de escala e tantas outras vantagens que são possíveis apenas quando dois ou mais grupos fortes se associam. De onde estiver Sérgio Marchionne deve estar aplaudindo ao ver que deixou como principal herança de sua passagem pela gestão da FCA o modelo de negócio que segue cada vez mais forte e sustentável.   

Quarta maior do mundo

A Stellantis será a quarta maior fabricante de automóveis do mundo, com 13 marcas, incluindo gigantes como Peugeot, Citroën, RAM e Jeep. As marcas manterão suas identidades - não existirá um modelo da Stellantis como marca - mas a criação de plataformas em comum para todos será um corte de custos considerável para todos. Isso significa que muitos novos modelos devem aparecer com o tempo. Formada a partir da combinação de dois grupos com fortes históricos e com finanças sólidas, a Stellantis é uma empresa global de 400 mil empregados diversos. O Conselho de Administração de 11 membros é liderado pelo Chairman John Elkann, herdeiro da família Agnelli, então controladora da FCA. O CEO será Carlos Tavares que preside a PSA. O novo grupo já tem presença estabelecida em três regiões - Europa, América do Norte e América Latina - além de um potencial significativo a ser explorado em mercados importantes como China, África, Oriente Médio, Oceania e Índia. 

Economia e escala

Segundo o comunicado oficial distribuído para impressa, a empresa espera alavancar seu tamanho e economias de escala para viabilizar o investimento em soluções de mobilidade para seus clientes, visando sinergias anuais de mais de € 5 bilhões em condições estáveis. Essas estimativas de sinergia serão alcançadas por meio da implementação de estratégias inteligentes de compras e investimentos, otimizando a utilização de plataformas e powertrain, aplicando P&D de ponta e um foco contínuo em eficiência de fabricação e processos. Essas estimativas de sinergia não se baseiam no fechamento de qualquer planta resultante da transação. Nove comitês de governança garantirão a estrutura operacional. O executivo italiano Antônio Filosa, CEO da FCA LATAM, assume como o responsável da Stellantis para a região. A nova empresa começou a ser negociada ontem, 18 de janeiro, na Euronext (Paris) e na Borsa Italiana (Milão) e hoje, terça-feira, 19, na Bolsa de Valores de Nova York. Isso é apenas o embrião de uma revolução que está por vir no mundo da eletrificação e mobilidade. 

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