Avaliação

Visual esportivo é o apelo do Fiat Argo HGT

Versão top de linha do novo hatch traz suspensão recalibrada para proporcionar mais estabilidade, mas motor 1.8 não passou por alterações


Publicado em 23 de agosto de 2017 | 03:00
 
 
 
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Quem quer um Fiat Argo com motor 1.8 tem duas opções de acabamento: a Precision, de aspecto mais conservador, e a HGT, com visual esportivo, garantido pelas rodas de liga leve diamantadas de 16 polegadas, spoilers, molduras plásticas nos paralamas e faróis com máscaras negras.

Tirando esses detalhes, a lista de equipamentos é, a grosso modo, equivalente: ambas as versões vêm de série com ar-condicionado, direção elétrica, vidros, travas e retrovisores elétricos, sistema start-stop, monitoramento da pressão dos pneus, sistema multimídia com tela tátil de 7 polegadas, compatível com os sistemas Apple Car Play e Android Auto e com duas entradas USB, volante multifuncional regulável em altura e profundidade, faróis de neblina e luzes de posição em LEDs. Entre os itens de segurança, os dois trazem controles eletrônicos de estabilidade e tração, ganchos Isofix para fixação de cadeirinhas, airbags frontais e freios ABS.

As particularidades do Argo HGT fazem com que ele seja R$ 2.800 mais caro que o Precision. Vai do gosto do interessado pagá-las, já que a parte mecânica também não traz grandes alterações: apenas a suspensão tem uma calibragem diferente – mais macia no Precision e mais rígida no HGT, para melhorar a estabilidade –, embora a arquitetura seja, essencialmente, a mesma, com conjuntos do tipo McPherson na dianteira e por eixo de torção na traseira.

O motor não muda: é o conhecido 1.8 16V da família E.torQ, já com as atualizações que estrearam na picape Toro, que incluem variação de tempo de abertura das válvulas e coletor de admissão variável. Esses recursos elevaram a potência para 139 cv com etanol e 135 cv com gasolina, e o torque, para 19,3 kgfm com o combustível vegetal e para 18,8 kgfm com o derivado do petróleo. A transmissão pode ser manual de cinco marchas ou automática de seis em ambas as versões de acabamento.

Por dentro

No interior, as exclusividades do Argo HGT se resumem à tela de sete polegadas entre os mostradores (opcional no Precision) e à cor preta do forro do teto. O esportivo da linha traz ainda um aplique vermelho no painel, que causou polêmica durante a avaliação: alguns gostaram, outros detestaram. Os materiais de acabamento são os mesmos, com plásticos texturizados no painel e nos forros das portas, como é de praxe no segmento. O padrão de montagem é bom, com encaixes precisos e sem rebarbas.

Os bancos dianteiros são os mesmos das demais versões; muda apenas o material de revestimento. Eles não têm abas laterais generosas, para segurar o tronco em curvas, como convém a um esportivo, mas acomodam bem a coluna. No traseiro, o assento é curto, deixando as coxas sem apoio. Por outro lado, há encostos de cabeça e cintos de três pontos para todos os ocupantes.

Para um hatch compacto, o espaço interno é bom: quatro adultos sentam-se sem aperto. De quebra, há boa quantidade de porta-objetos a bordo. O porta-malas também tem boa capacidade para o porte do carro: segundo a Fiat, são 300 L de volume.

Dirigibilidade é agradável, mas sem esportividade

Quem dirige o Argo HGT logo nota que seu apelo é muito mais visual do que comportamental. O motor 1.8 assegura bom desempenho, mas está longe de transmitir esportividade, principalmente em baixas rotações: apesar de as atualizações aplicadas ao propulsor terem foco na distribuição de torque, é bem nítido que ele ganha força mesmo a partir de 3.000 rpm. Em faixas de rotação mais elevadas, a performance é boa, mas ainda não chega a empolgar. Os freios com discos ventilados na dianteira e tambores na traseira (como no Precision) são eficientes, mas também não chegam a se destacar no segmento.

Por outro lado, a estabilidade é muito boa, o que evidencia o trabalho feito pela Fiat na versão top de linha. Mesmo em curvas fechadas, tomadas em velocidades mais altas que a recomendável, o hatch se mantém firme e seguro. Outra vantagem é que o enrijecimento da suspensão não tornou o rodar desconfortável, pelo contrário: o sistema absorve bem as imperfeições do solo.

O Argo HGT avaliado pelo Super Motor estava equipado com câmbio manual. Os engates se mostraram precisos, mas o curso da alavanca é mais longo que o desejável. O escalonamento das marchas é correto. Já a direção elétrica é bastante progressiva e mostra peso correto tanto em manobras quanto em alta velocidade. O volante tem ótima pegada, mas os pedais deslocados para a direita prejudicam a ergonomia.

O consumo do Argo HGT se mostrou razoável: a reportagem aferiu médias de 9,5 km/L na cidade e de 11,7 km/L na estrada, com gasolina.

Muitos itens são opcionais

O Fiat Argo HGT tem preços a partir de R$ 64,6 mil. Porém, esse valor pode chegar a R$ 81,2 mil com todos os equipamentos opcionais, como o veículo avaliado pelo Super Motor, que abria mão apenas da transmissão automática e da pintura metálica. São três pacotes vendidos à parte: o Kit Style, que reúne rodas de liga leve de 17 polegadas diamantadas e bancos revestidos em couro, por R$ 2.500, o Kit Tech, que inclui ar-condicionado digital, retrovisores externos com rebatimento elétrico e retrovisor interno eletrocrômico, chave presencial com botão de partida e sensores de chuva e crepuscular, por R$ 2.800, e o Kit Parking, que agrupa câmera de ré e visualizador gráfico para o sensor de estacionamento, por R$ 1.200. Também é possível adquirir dois airbags laterais por mais R$ 2.500.

Alguns itens, porém, não são oferecidos sequer como opcionais, como é o caso do teto solar (que podia equipar o antecessor Punto) e dos airbags do tipo cortina (disponibilizados no concorrente Ford Fiesta). Por outro lado, o Argo HGT não deve nada em termos de conectividade: a central multimídia pode ser integrada a smartphones por meio dos aplicativos Apple CarPlay ou Android Auto. A resolução da tela é muito boa, ao passo que o sistema é intuitivo e simples de operar.


Ficha técnica

Motor: dianteiro, transversal, 1,747 L, com quatro cilindros em linha e 16 válvulas.

Potência: 135 cv com gasolina e 139 cv com etanol, a 5.750 rpm.

Torque: 18,8 kgfm com gasolina e 19,3 kgfm com etanol, a 3.750 rpm.

Câmbio: manual de cinco marchas.

Suspensão: dianteira independente do tipo McPherson, traseira semi-independente por eixo de torção.

Freios: discos ventilados na dianteira e tambores na traseira, com ABS e EBD.

Dimensões: 4 m de comprimento, 1,75 m de largura, 1,505 m de altura e 2,521 m de distância entre-eixos.

Peso: 1.243 kg.

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