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O título da Copa Brasil é mais um capítulo na relação entre Luizomar de Moura e Osasco.

Não é exagero afirmar que o técnico respira o projeto 24 horas por dia. 

Uma dedicação que só o amor é capaz de explicar, afinal são 19 anos, desde a temporada 2006/2007, dedicados ao clube.

O técnico não é unanimidade entre os torcedores, e dificilmente será, mas se não fosse ele a torcida teria que virar casaca.

O que pouca gente sabe é que Luizomar é muito mais que apenas treinador de Osasco e não atua apenas dentro de quadra no dia a dia.

O papel dele, exercendo inúmeras funções paralelas, passa pela relação com patrocinadores, políticos e empresários e é fundamental para a existência do time e suas respectivas estrelas, como Natália e Camila Brait.

Não é fácil fechar a conta.

Entre erros e acertos, erram todos.

E só não erra quem nunca fez nada.

Luizomar não deve se culpar pelos erros ou contratações precipitadas, afinal são os erros que iluminam o caminho certo. 

Faça o seu melhor, só não espere reconhecimento dos outros.

Pensar assim ajuda a evitar frustração e mágoa.

Quando Osasco perde, a responsabilidade é dele. Quando ganha, não fez mais do que obrigação.

Mas é assim que funcionam as coisas nos times grandes.

Quantos não gostariam de estar ocupando o lugar dele e cuidar de Osasco?

Ninguém, por exemplo, irá lembrar que Natália aceitou voltar ao Brasil e jogar em Osasco também por causa da boa relação com Luizomar.

Ninguém, por exemplo, irá lembrar as pontuais e corajosas alterações dele nas semifinais e decisão da Copa Brasil, ou alguém acha que Callie mudou de rede contra Bauru porque quis?

Sim, o título também teve o dedo dele no correto entra e sai das opostas, a surpreendente disposição da decisiva e alegre Polina, na preparação de Kenya e recuperação de Valdez.

Mas Luizomar está vacinado, até porque sabe que o mundo desabaria na cabeça dele se tivesse sido eliminado pelo Minas ou perdido para Bauru.

O técnico aprendeu em Osasco que para encontrar equilíbrio é preciso conhecer os dois extremos.

E o equilíbrio depende da serenidade da mente.

Há quem pense que o título da Copa Brasil irá aliviar a pressão e deixar o ambiente mais leve, menos pressionado.

Negativo.

Osasco é grande demais.

E é justamente por ter conquistado a Copa Brasil que o torcedor passará a sonhar com a Superliga e consequentemente o Sul-Americano.

Por que não?

Pior que ser iludido, é iludir-se sozinho.

Luizomar ganhou casca, aparou feridas nas últimas décadas e precisa entender que não há cobrança mais cruel e injusta do que aquela que o perfeccionista exerce sobre si mesmo.

O melhor conselho nesse caso, diante do tamanho do projeto, é viver o presente, planejar o futuro e esquecer o passado.