Bruno Fuchs cumpriu as metas estabelecidas em contrato e, por isso, foi adquirido de forma definitiva pelo Atlético, com novo contrato válido até o fim de 2028. Como o antigo vínculo tinha gatilhos, a permanência não foi questão de escolha do Galo, e sim consequência natural do número de jogos que ele fez. A oficialização do “fico” foi criticada por vários torcedores nas redes sociais. Eu não acho má notícia.
Fuchs teve, sim, jogos ruins na temporada 2024, mas a verdade é que quase todos tiveram. O Galo, infelizmente, jogou mais vezes mal do que bem neste ano, e erros individuais são amplificados quando o coletivo vai mal, ainda mais na zaga. Além do ano irregular da equipe como um todo, o modelo de jogo proposto por Gabriel Milito expõe totalmente defensores como Bruno Fuchs. Explico.
Milito (na maior parte do ano) propôs um jogo propositivo, com ocupação do campo de ataque e muitos jogadores atacando ao mesmo tempo. Quando dá certo, é ótimo, como deu no início da passagem do argentino. Quando dá errado e o time perde a bola, o adversário tem campo pra jogar e, na maioria das vezes, nossa linha defensiva tem que correr pra trás. E é aí que mora o problema quando você não tem zagueiros velozes.
Fuchs não é rápido. Tem boa saída de bola, é um zagueiro técnico, mas rápido ele não é. Não é o padrão de jogador ideal pra uma zaga que vai ter que correr pra trás muitas vezes e lidar com lances de mano a mano. O golaço do Alerrandro, naquele nosso sofrível empate contra o Vitória, é um bom exemplo disso. Fuchs tem culpa no gol sofrido? Claro que sim, mas o nível de exposição do setor defensivo também foi um problema.
Se houvesse uma enquete sobre a melhor formação de zaga do Atlético no século, a dupla Réver e Léo Silva provavelmente ganharia com 90% dos votos. Seria meu voto, inclusive. Só que, além da qualidade de ambos, jogaram muito porque estiveram quase sempre muito bem protegidos por bons laterais e ótimos volantes. Réver e Léo não marcavam na linha do meio-campo, nem tinham que correr atrás de atacantes. Não têm essa característica.
Que fique claro: não estou comparando os integrantes das torres gêmeas com Bruno Fuchs. Réver e Léo foram melhores que nosso atual camisa 3 por muito. Só estou dizendo que contexto importa (e muito) no futebol.
Este texto não defende que Bruno Fuchs é o melhor zagueiro do nosso elenco ou que tem que ser titular. Errou muito em 2024 e precisa melhorar demais. São fatos. Terminou o ano no banco com justiça, e não dá pra dizer se a compra em definitivo foi bom negócio sem saber os valores do acordo. Só defendo que ele não é horrível como alguns dizem. Vejo como uma alternativa ok na posição, até porque zagueiro seguro tá em falta no mercado.
Quem me acompanha sabe que não sou de defender cegamente decisões tomadas pelo clube. Quando vejo algo errado, sou o primeiro a apontar. Só acho que a permanência de Fuchs está longe de ser esse problemão. Temos muitos (e bem grandes) pra resolver.
Saudações atleticanas! Boa sorte em 2025, Fuchs.