“O mundo está ao contrário e ninguém reparou”, cantou um dia a atleticana Cássia Eller. Nando Reis, o compositor, tinha razão. Tá tudo muito esquisito. O errado virou certo, e cobrar o certo virou errado. No nosso universo atleticano, exigir o mínimo virou sinônimo de torcer contra. Que loucura.

Mais uma vez, o Atlético tem salários atrasados. Sim, a SAF que disse (muitas e muitas vezes) que esse tipo de realidade ficaria no passado deixa de cumprir suas obrigações mais uma vez. E o pior é a sensação de que não será a última. Aliás, nem uma previsão concreta pra solução da atual pendência existe. E quem diz isso não sou eu, e sim Hulk, nosso capitão.

No treino aberto (para alguns) desta quarta, na Cidade do Galo, o ídolo foi questionado sobre os problemas que os atletas enfrentam pra receber o que lhes é de direito. Com a elegância de sempre, cobrou a resolução breve e deixou no ar que o clube poderia ser, no mínimo, mais transparente com os atletas. “Às vezes, ficamos um pouco perdidos, sem informações. O mais importante é saber que estão tomando as providências”.

Hulk está, obviamente, correto em manifestar a insatisfação. Foi, inclusive, muitíssimo educado, como sempre é. Nenhum trabalhador gosta de conviver com atrasos salariais, independentemente do número de zeros no contracheque.

Acontece que, como cantam Cássia e Nando, o mundo está ao contrário, e daqui a pouco vai aparecer o primeiro maluco pra dizer que o Hulk está pressionando indevidamente os abnegados que, coitadinhos, não conseguiram honrar os contratos que assinaram. Daqui a pouco, o maior ídolo da história recente do Atlético também vai ser taxado de ‘Galo contra’, simplesmente por cobrar que seu empregador cumpra suas obrigações.

Tempos difíceis, mas vamos sobreviver. Já atravessamos outras tempestades. É só mais uma.

Saudações.