A derrota pro Grêmio foi inaceitável. Não só pelo resultado e pela necessidade que o Galo tinha de se impor contra um time mergulhado em crise, mas principalmente pelo desempenho (ou falta dele).

O primeiro tempo até deu alguns bons sinais. Alexsander e Reinier tornam o meio-campo do Atlético bem mais técnico. O time conseguiu empurrar o Grêmio pra trás e ter volume de jogo. O problema é que não soube o que fazer com a bola.

As estatísticas ajudam a explicar. No Brasileirão, o time de Cuca é o quarto que mais tem posse de bola, mas é o quarto que menos cria chances claras de gol. Ou seja, falta repertório ofensivo ao time, e antes fosse esse o único problema.

Os dois primeiros gols do Grêmio escancaram uma deficiência que não é de hoje, mas que, agora, fica mais grave: a dificuldade do Atlético na bola aérea. Cuca apontou, na coletiva, a falta de jogadores com característica de cabeceio no elenco. E nisso ele tem razão. O único jogador que se impõe pelo alto, no elenco inteiro, é Lyanco. Os outros zagueiros têm pouca imposição física, os laterais não são firmes pelo alto, o volante é baixo. Battaglia, monstro neste quesito, não teve reposição.

A gente esbarra, sempre, nas falhas de planejamento. E aí, que me desculpem os envolvidos, mas não dá pra eximir ninguém das críticas. Desde os donos da SAF ao treinador, que indicou, por exemplo, contratações que não se justificaram até aqui (pelo menos na análise custo x benefício), como as de Júnior Santos (R$ 50 milhões) e Rony (R$ 40 milhões). Será que com essa grana não dava pra trazer um zagueiro pra colocar Alonso, que faz péssima temporada, no banco?

As próximas semanas vão determinar o rumo da temporada 2025. Sem Lyanco, o melhor defensor do time na temporada (machucado), o Galo enfrenta o Godoy Cruz, na Argentina, precisando de um empate pra ir às quartas da Sul-Americana. Dias depois, enfrenta o São Paulo, no Morumbi, sem os dois zagueiros titulares e sem os dois principais atacantes do time (Cuello e Hulk, suspensos). Impossível não estar preocupado. Na sequência, vem o clássico na Copa do Brasil.

No ano passado, Milito tirou o pé no Brasileiro pra focar nas copas. Chegou nas finais, perdeu as duas, e o Galo teve que brigar contra o rebaixamento na última rodada. Neste ano, o roteiro tem semelhanças, mas também tem diferenças.

Ao contrário do argentino, Cuca não está tirando o pé no Brasileiro. Tem usado titulares, o que explica, inclusive, a lesão de Lyanco. Ou seja: o desgaste tem sido maior, e os resultados ruins, assim como eram ano passado. Além disso, o time do Milito jogava mais bola nas copas. O de 2025, cá entre nós, apresentou bom desempenho em raras exceções.

Não tem como estar tranquilo. Sou contra a demissão de Cuca por entender que uma troca de comando, agora, pode tornar as coisas ainda mais difíceis, principalmente considerando que a atual gestão não tem ambição suficiente pra trazer um treinador de ponta (e dar a ele tudo que precisa pra fazer um time campeão). Viria alguém pra “terminar o ano”, e é aí que mora o perigo.

Além disso, nenhum treinador vai ser demitido estando vivo em todas as competições que disputa. Os resultados do ano são ‘ok’ até aqui. O desempenho é que assusta. E muito.

Vamos torcer pra que o Galo passe por essa turbulência sem graves ferimentos. E claro, que façamos um jogo decente em Mendoza, na próxima quinta, pra voltar com a classificação.

Saudações.