Em meio a tantas possibilidades que se abrem com a chegada deste "fim de feira" no futebol nacional e o início da nova janela de transferências, destaco que é preciso trabalhar a base do Cruzeiro. Muitos garotos foram utilizados neste ano, especialmente àqueles que serviram de "tampões" para as múltiplas lesões e desfalques que esfacelaram o elenco nas rodadas derradeiras do Brasileirão.
É preciso que Tevis, Kenji, Vitinho e outros que foram acionados, ou que ainda serão, possam ser trabalhados e verdadeiramente lapidados. Muitos jogadores da base do Cruzeiro simplesmente "somem" dentro deste processo.
Em meio à necessidade de suprir carências, estes garotos ficam até mesmo marcados por lances, falhas e erros de tomada de decisão, queimando etapas dentro de uma equipe completamente bagunçada. É uma avaliação completamente injusta de um ativo do clube.
Se faz necessário também propiciar crescimento e minutagem a estes garotos, seja aqui ou fora da Toca da Raposa. O Cruzeiro não pode se dar ao luxo de viver "queimando" safras interessantes por não ter um projeto sólido para a base. Esta é uma das cobranças à direção atual e que passa também por um acompanhamento maior ao que Adilson Batista tem feito em relação ao departamento.
Relatórios, integração, a implementação de uma filosofia de jogo que precisa ser trabalhada em conjunto, da base ao profissional. O que eu vejo é que há um buraco neste processo, pois não há uma unidade entre o time principal e a base. Não ter um direcionamento claro dificulta até mesmo no processo de adaptação destes garotos à filosofia do técnico principal, no caso, Fernando Diniz, que conseguiu segurar-se no cargo para a próxima temporada.
O Palmeiras de Abel Ferreira vem conseguindo bons resultados com a base justamente porque o clube possui essa preocupação em lançar atletas e ter uma unidade em seu futebol. É preciso resgatar isso no Cruzeiro em 2025, mesmo que o elenco seja recheado de nomes experientes e estelares.
Dentro da nova página de estruturação do clube, revelar, potencializar e negociar jogadores precisam também estar no topo de prioridades. É trabalhar com metas mesmo, como uma empresa, e não simplesmente confiar em um técnico com experiência e história no clube para gerir um bem tão precioso.
E tudo também passará por Diniz, que tornou-se também conhecido por utilizar jovens jogadores, dando, inclusive, protagonismo a potenciais talentos. Não pode ter um fio solto neste sistema, um depende do outro.
Ao meu ver, o Cruzeiro vem pecando de forma sistemática no trato com a base. Que isso possa ser um dos principais pontos de correção de rota na temporada que vem. A começar pela Copa São Paulo, onde os crias da Toca estarão mais uma vez em evidência.