A entrega de Fernando Diniz à frente do Cruzeiro tem sido muito baixa. Não há como negar ou esconder o óbvio. O time está muito longe do ideal, e o pensamento dos atletas parece não se encontrar com o do técnico. É notória a desorganização, o espaçamento, falta aproximação, há buracos evidentes no sistema defensivo, que passam também pela queda de rendimento de atletas importantes, como os casos de William e Marlon nas laterais. 

A partida contra o Athletic lembrou muito o Cruzeiro do segundo semestre de 2024, uma engrenagem completamente desajustada, incluindo as alterações bem atrapalhadas. Diniz ainda morreu com mais uma troca, quando se tinha a possibilidade de dar uma chance a Rodriguinho, por exemplo. No fim das contas, Lucas Silva era quase um armador e os zagueiros desesperados estavam tentando salvar o ataque. 

Volto a bater na tecla. O Cruzeiro, desde a chegada de Diniz, não tem um jogo 100% bom. O time vive de lampejos. Trinta minutos ali, 45 minutos acolá, não há nem uma intensidade evidente e isso é assustador, ainda mais agora com um elenco de qualidade técnica superior ao que ele possuía na última temporada. 

Podemos colocar o rendimento abaixo na conta da questão física, o time ainda está travado, enfrentou a melhor equipe do interior e que vem treinando por um período maior, mas o tempo está passando e a paciência do torcedor já foi para o espaço. Diniz, desde que chegou ao Cruzeiro, está na parede. É um time com pretensões para o agora e que divergem claramente da metodologia do treinador. 

Curiosa a parte da entrevista onde ele aponta que só as vitórias poderão tirar este clima ruim. Desde a queda brutal de rendimento do Fluminense no ano passado, Diniz parece também longe de ser o mesmo. Ele está morrendo abraçado com suas ideias e tem demonstrado pouca evolução. Falta ali uma sensibilidade maior para ler o jogo, seus times estão quase sempre tornando-se presas fáceis dos treinadores adversários que, com simples modificações ou uma observação mais ajustada, trazem muitos apuros. 

E é evidente que com todos os esforços feitos pela diretoria, a pressão para cima deste Cruzeiro aumentaria. As justificativas de Diniz estão ficando cada vez mais reduzidas e o tempo não está do lado dele. O Campeonato Mineiro seria o caminho propício para que ele conseguisse contornar esta maré, mas esta competição é traiçoeira, mesmo com a qualidade técnica duvidosa dos participantes. 

Daqui para se transformar em algo insustentável é um pulo. Ainda mais com a responsabilidade de fazer um elenco de milhões dar retorno. O Betim já está batendo na porta com duas vitórias em dois jogos. Não será um jogo fácil.

Para mim, o principal ponto é que a urgência do Cruzeiro não acompanha os passos do processo de Diniz. Vimos isso escancarado em seu trabalho na Seleção Brasileira, que precisava - e ainda precisa - de respostas imediatas.

Resta saber se um dos lados cederá primeiro nesta relação...