Uma derrota no clássico sempre deixa lições que precisam ser aprendidas. Obviamente, a omissão do VAR no lance de Lyanco em Dudu prejudicou o andamento da partida, isso porque vimos o mesmo atleta envolvido em uma disputa com Gabigol, que não aceitou a entrada e revidou. Deu no que deu. É preciso ter competência para deixar infantilidades de lado e jogar bola. Provocações fazem parte do mundo da bola, mas cabe ao Cruzeiro não se deixar levar pelo que outro lado diz. É concentrar no seu trabalho e fazer de tudo por seus companheiros. Não deixá-los na mão. 

Outro ponto, o Cruzeiro tá recheado de jogadores com múltiplos títulos, experientes, ídolos do futebol nacional. Eles não podem, em hipótese alguma, deixar se levar por falas atravessadas e polêmicas vazias. Tem se tornado, inclusive, uma prática do Atlético este jogo mental. Buscou-se isso contra o Botafogo, naquele fatídico jogo sem torcida no Independência, onde muito se falou sobre Luiz Henrique. Mas o time de Artur Jorge, que teve antes da final da Libertadores um jogo decisivo contra o Palmeiras, no Allianz, se fechou em torno do objetivo e não deu mole, sendo melhor até com um jogador a menos. Uma prova irrefutável do psicológico forte do elenco. 

Um time campeão também precisa disso. Cabeça boa e sangue gelado. Além disso, é hora de deixar certas vaidades de lado, como a declaração de Matheus Pereira sobre o desejo de ter deixado o clube por uma oportunidade na Europa. Sou um grande defensor do atleta e inclusive acho que a torcida está pegando no pé do personagem errado (só podem estar com saudades de Piccolomos da vida, não é possível), mas existe hora e lugar para expor certas situações. E com certeza não era após uma derrota dolorosa em um clássico. 

Para o Cruzeiro atingir o ponto que o torcedor deseja, é preciso que vários parâmetros dentro deste elenco sejam mudados, e eu, sinceramente, confio na capacidade de Leonardo Jardim trazer os ajustes necessários, inclusive nas tomadas de decisões e correções necessárias em um grupo que, desde a última temporada, precisa de puxões de orelha. 

O Cruzeiro, dentro deste processo de transição iniciado com a chegada de Pedro Lourenço, necessita subir níveis, mostrar maturidade como grupo e ter, de fato, comportamento e face de campeão. É preciso, como ressaltou Leonardo Jardim, ser mais competente e ter um time que a torcida e a direção mereçam. Só nome e papel não funcionam.