Matheus Pereira é um personagem peculiar nos últimos anos do Cruzeiro. Ele sabe muito bem a linha tênue entre a idolatria e a fúria das arquibancadas - especialmente dos teclados. Pois sim, 85% do "hate" perambula por trás dos teclados ávidos dos críticos, que se topassem com ele na rua, não pensariam duas vezes em tirar uma foto com o camisa 10 celeste.
Os entendedores do mundo virtual se proliferam rapidamente. Basta uma faísca para que a seita aumente. Vai de um para outro e, de repente, está feito. A antipatia está instalada - com sucesso. E não há antivírus que reverta isso, talvez só a dor da perda.
Faltam 10 dias para o fechamento da janela e vai ser muito difícil encontrar alguém no mercado com as características de Matheus Pereira caso sua venda ao futebol russo seja concretizada. Ainda mais com a criatividade atual mostrada por Alexandre Mattos.
Matheus não começou bem a temporada, assim como grande parte do elenco, mas com um novo técnico e um direcionamento claro, MP10 não poderia retomar a confiança?
Enfim, vejo que muitas frustrações dos torcedores são despejadas no atleta, e muitas são injustas. Fala-se que ele não decide jogos grandes, mas seria ele o único responsável pelo desequilíbrio do elenco no último clássico ou na final da Copa Sul-Americana, quando inclusive foi o atleta com mais desarmes do elenco?
Tenho questões com Matheus Pereira também. Por vezes, amarra o jogo mais do que deveria, está sempre buscando o contato e suas entrevistas são verdadeiras bombas. Muitas coisas faladas em momentos que não caberiam tais apontamentos.
É inegável, todavia, que quando ele consegue encontrar os espaços em campo, torna-se um jogador formidável e com altíssimo QI de futebol.
Passada a análise da relação com a torcida, resta agora saber qual será a postura do atleta. Caso permaneça, é preciso que exista aí a sutura de seu comportamento e, acima de tudo, comprometimento com o projeto. Sem essa de jogar na cara que abriu mão de tudo para estar aqui. É uma escolha pessoal e vai continuar ganhando muito bem por fazê-la.
E claro, se não estiver com cabeça aqui mais, a vida vai seguir para todos. Ninguém é insubstituível e está acima do clube.
A decisão agora está nas mãos do atleta e das partes envolvidas na negociação. Que encontrem o melhor caminho.